quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Às vezes a saudade vem forte...


Geralmente os nossos dias passam tão rápido que mal conseguimos prestar atenção nas coisas que acontecem. Não notamos uma flor nova que desabrochou na árvore em frente à nossa casa, não admiramos a beleza do céu e nem sequer damos ouvidos ao canto dos pássaros. E muitas vezes vamos além disso, acabando por simplesmente não perceber a presença de alguém especial em nosso cotidiano. Ignoramos o fato de que as pessoas não duram para sempre, fingindo não estarmos cientes da brevidade de nossos dias. Essa noite sonhei com algo que me balançou um pouco nesse sentido, fazendo-me vir até aqui e escrever sobre saudade.
No sonho eu me despedia aos prantos de dois amigos meus que viajaram há uma semana para a Irlanda a fim de realizarem um intercâmbio cultural. Eram duas pessoas que estudaram comigo no ensino médio, estando presentes em quase todos os meus dias naquela escola, durante cerca de três anos. Bem, ano passado finalmente concluímos o curso e cada um seguiu seu rumo. O fato de não termos nos visto em aproximadamente oito meses não alterou em nada; aos nos encontrarmos dia 7 de agosto foi como se ainda compartilhássemos daquele sentimento juvenil e colegial que preencheu nossos corações por um bom tempo. Agora, no entanto, eles partiam para uma experiência nova, algo que os faria crescer em todos os sentidos, e só voltariam depois de um ano inteiro.
Se eu dissesse aqui que éramos melhores amigos estaria mentindo. Estávamos mais pra pessoas que se dão muito bem e gostam de passar algumas horas juntas, ainda que sejam muito poucas. Não tenho uma definição exata para o nosso relacionamento, mas uma coisa posso garantir: não havia notado até então o quanto me fariam falta. Nosso encontro ocorrera no sábado e, naquele dia, marcamos de nos despedirmos no aeroporto, na quarta-feira seguinte. Infelizmente não aconteceu dessa forma e os últimos momentos que teríamos para lembrar até o fim do primeiro semestre de 2011 seriam aqueles que acabáramos de passar juntos, correndo e rindo pelo Playcenter. 
O que sonhei parece ter refletido muito bem o que sinto agora. Queria poder ter tido aqueles últimos instantes com os dois, poder tê-los visto embarcar e abraçá-los momentos antes de sua viagem. Gostaria de ter-lhes dito muitas coisas, ter sentido o calor de sua companhia comigo por mais alguns minutos. Só mais algumas fotografias mentais de momentos felizes, dos rostos alegres. Apenas algumas gravações de suas vozes, guardadas dentro de mim, lá no fundo dos meus pensamentos. Ainda sentiria a falta deles, mas talvez não me arrependesse por não ter lutado para vê-los naquele último dia. E tudo isso se intensifica ainda mais, pois tenho sentindo muita falta do Fernando aqui comigo.
É quase impossível falar sobre isso e não ver meus olhos se enchendo de lágrimas. Lembro até hoje da nossa despedida. Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu coração e levado pra longe, como se eu simplesmente não tivesse poder de impedir que algo tão importante fosse tirado de mim. E é horrível escrever isso, vendo as gotas rolarem pelo meu rosto, e não poder fazer absolutamente nada pra ver aquele rosto na minha frente. Pra sentir o toque, ter o afago, o carinho que me acalentou durante duas semanas inteiras. Sei que o tempo passa rápido, porém é muito difícil evitar não sentir esse monstro se remexendo dentro de mim, comprimindo meu peito fortemente e trazendo essa sensação de desconforto agudo. E nem sempre eu consigo acalmá-lo.
Acho que hoje tudo que mais quero é saber que os tenho aqui comigo, sentir sua presença dentro de mim. Brevemente verei os três - o Fernando, pelo menos, daqui a três meses - e poderei sentir novamente a energia gostosa que me fazia tão bem quando estávamos juntos. Vejo esse texto apenas como um desabafo, uma forma de expressar aquilo que sinto exatamente agora. O que me conforta é saber que eles um dia voltarão, ao contrário de outras coisas e pessoas que já se foram e não há como ter de volta. Por isso penso que é bom abrirmos os olhos e agradecermos muito por tudo que temos, já que o mundo pode virar de cabeça para baixo a qualquer momento e nos deixar sem algo em que segurar. Afinal, às vezes a saudade vem muito forte e pode ser que em grande parte delas não tenhamos como saciá-la.

Thiago, Camila e Fernando, espero que vocês estejam logo aqui e que esse tempo passe rápido para nós quatro. Obrigado por tudo que, mesmo sem saber, significaram para mim. E ainda o fazem.

Um comentário:

  1. Saudade é um sentimento que não há como explicar ou dosar. Quando sentido é ruim, mas ao passar tornar-se uma sensação de alívio. Certos momentos a saudade não passa completamente, fica em estado de latência, assim não sofremos horrores e nem ficamos felizes.

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