Já em Salto, vimos a primeira coisa que nos fez sentir momentaneamente aquele nó na garganta. Provavelmente essa foto resume tudo, certo?!
É, isso é um pedaço do Rio Tietê absolutamente degradado. Pra todos nós foi uma cena bem indigesta, simplesmente triste demais de admitir. Não quero estender muito a postagem, optando, consequentemente, por não colocar uma penca de fotos, mas torna-se indispensável mencionar a quantidade absurda de lixo no lugar. Desde garrafas PET até rodas de bicicletas, um verdadeiro lixão! Prosseguimos com o percurso e após uns quinze ou vinte minutos deparamo-nos com outra parte dessa paisagem, retratada na fotografia abaixo.
Uma água muito poluída e com um odor relativamente acentuado. Soem essas palavras melodrámaticas ou não, passou dezenas de vezes em minha mente um único questionamento. "Como podemos fazer isso e nem sequer nos importarmos?" me perguntava. E sem obter resposta, apenas calava e observava sem qualquer outra atitude. Um sentimento de impotência aliado a uma revolta do meu ser ao ver a situação de um ambiente que há alguns séculos tivera, muito provavelmente, uma aparência fantástica e vida se mostrando por todos os seus cantos. A realidade, infelizmente, mudara e hoje restava pouco da imponência que essa visão um dia impusera. Mais à frente, tivemos outro ângulo do mesmo problema.
É...ver pessoalmente dói muito mais que olhar uma foto pelo computador ou televisão. Traz uma sensação incômoda à alma, que se inquieta e nos deixa estampado em nosso coração seu enorme desassossego com o que fazemos.
Após tudo isso, chegamos a uma fazenda, com muitos doces, artesanato e outras comidas à venda, bem como diversos animais espalhados perambulando entre as pessoas. Se muitos deles pareciam desfrutar de grande felicidade, outros não poderiam transmitir uma expressão mais sofrida e digna de pena. Grande exemplo foram os cavalos. Num pequeno estábulo, presos às cercas de madeiras por cordas e todos devidamente celados, moviam suas patas freneticamente e batiam-nas no chão, aparentando um misto de frustração e impaciência. Espamos musculares antecediam raspadas do casco no piso e enquanto os olhávamos eles nada faziam. Uma eu apelidei de "Bella" e tudo que queria era retirá-la dali, pois seus olhos pareciam pedir ajuda a qualquer um. Cuidados bons não me pareceram, antes decepcionaram-me em todos os níveis.
Com um aperto no coração, convidei-me a olhar os outros bixos e ver o estado deles. Não dá pra negar: a grande maioria era linda e muito dócil com todos os visitantes. Devo ter visto uns quatro ou cinco pavões, tão magníficos que seria impossível descrever-los e mesmo que tentasse faltariam palavras para explicar o "feeling".
Talvez isso possa figurar entre as primeiras posições das coisas mais lindas que já vi em toda minha vida. Claro que já ouvira falar sobre e vira várias fotos, mas não pensaria jamais que a realidade poderia ser tão agradável aos olhos. Depois de fuçar e fotografar tudo que se mexia, resolvi comprar algum doce. O pavê que experimentei valeu todos os possíveis sufocos passados ao longo do dia, ainda que tenha custado R$ 4,25. Penso em voltar lá mais vezes, sem dúvida alguma! Antes de tudo isso, em Itu, andamos de trenzinho e tivemos a oportunidade de conhecer um pequeno pedaço da cidade. Pacata, tranquila e aconchegante seriam três palavras quase exatas pra descrevê-la, não fosse o abafamento por conta das ruas estreitas. Fernando, só pra constar, temos uma visita marcada em nossa agenda já!
Deixo aqui meus agradecimentos aos colegas da sala e recomendo o passeio, pessoal. É certamente muito bom pra quem quer sair por algum tempinho desse caos de São Paulo. E, claro, não esquecendo do nosso famoso orelhão de Itu e do semáforo gigante ;)
A questão de Salto é muito triste, mas nos deixou um grande aprendizado, na prática, o que na verdade eu gostaria muito de não precisar estudar tais fatos devido a sua existência!
ResponderExcluirSorry, estou super atrasada na leitura de seu blog! Incentivei tanto e agora eu não sou mais uma leitora assídua! Q vergonha!
Bj
Sim...eu também adoraria não ter que estudar esse tipo de coisa. Seria ótimo se nós estivéssemos em equilíbrio perfeito com o ambiente e não houvessem cenas tristes como essas pra serem observadas. Mas creio que um dia, mesmo precisando sofrer muito pra aprender, chegaremos lá. Evolução é lenta, mas acontece.
ResponderExcluirAhhhh, relaxa. O pior não é você deixar de ser uma leitora assídua mas sim eu não ser um escritor assíduo. Espero conseguir manter postagens mais frequentes :p