quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um mundo saturado, incompleto e vazio




Sei que, devido ao que será lido logo abaixo, parecerá que iniciei o post duas vezes. Não, não estou doido a esse ponto, pelo menos não ainda. É que esse era apenas um rascunho que tinha guardado aqui desde o dia 14/07...ou seja, há três meses. O que ocorre é que justamente hoje veio-me à mente finalizá-lo e disponibilizá-lo a todos que quiserem lê-lo; não vos espantai, portanto, a idade já avançada de algumas informações expostas. Lembrai-vos que tais coisas faziam parte do meu universo à época e que optei por manter o texto na íntegra, apenas concluindo-o. Peço-vos, ainda, perdão pelos atrasos nos posts, mas tenho andado sem tempo e disposição pra escrever, ainda que dezenas de idéias percorram meus pensamentos.
Só isso queria dizer...boa leitura!

O título desse post tem muito a ver com a imagem, embora ela tenha originalmente sido utilizada para exemplificar uma "teoria de que a Terra é vazia". Preciso, no entanto, antes de iniciar, fazer um breve comentário que diz respeito exclusivamente a mim: ACABOU! Fui dispensado do serviço militar e agora posso prosseguir sem o risco de ter esse tipo de preocupação novamente durante minha passagem por esse planeta. Aliás, esse é o exato alvo desse texto, mais precisamente o local em que quero situar meu discurso. Desejo falar um pouco sobre coisas que envolvem a todos e fazem parte dessa esfera, conhecida como "Terra", alocada em um vasto e aparentemente infinito Universo. Devemos, para tanto, ter em mente, logicamente, a capacidade geradora dela e o papel de grande lar ao qual tem sido exposta desde os primórdios da vida. Atualmente, porém, a realidade já não se lhe apresenta tão bela quanto fora outrora.
Muitos problemas tem a humanidade; tal afirmação não peca em veracidade de forma alguma. Fome, matanças, corrupção, tristeza e uma insistência na disseminação de um dos piores sentimentos: o ódio. Raiva é uma sensação perfeitamente normal, comum a toda pessoa; sua continuidade, todavia, acaba por transformá-la em rancor, mágoa e, posteriormente, asco. Este, como bem sabemos, é pura repulsa, aversão por determinada coisa, situação, lugar ou pessoa e gera, por sua vez, separação. Ao cultivá-lo passamos a não nos identificar mais como seres absolutamente semelhantes - ainda que extremamente diferentes em inúmeros aspectos -, integrantes de uma mesma raça. Criam-se conflitos e falsas idéias de superioridade baseadas em conceitos infundados e equivocados, levando ao surgimento de centenas de preconceitos e julgamentos que apenas exemplificam nossa enorme imperfeição.
Se alguém passar algum tempo comigo e procurar saber mais sobre aquilo que creio descobrirá logo a infindável e indestrutível fé depositada por mim sobre os seres humanos. Podem aparecer-me santos e deuses prontos a fazer-me, sem qualquer custo, favores e milagres incontáveis; espero que aceitem, entretanto, a minha opção em acreditar mais nos habitantes racionais desse planeta e em nossa capacidade natural de operar maravilhas, bem como minha preferência em dar-nos crédito pelos grandes feitos até hoje alcançados. Se digo tal coisa é justamente por um grande medo presente em mim, fazendo-me pensar que muitos esperarão sempre pela "mão de Deus" ou de qualquer outra divindade para finalmente poderem construir a casa de seus sonhos. Não percebem, infelizmente, que essa mão faz parte do seu próprio corpo; o Deus tão buscado está dentro de si.
Minhas crenças atuam fortemente em mim e estão presentes em todas as decisões que tomo, norteando meus passos e guiando-me pelos lugares onde busco maior entendimento. Não nego, contudo, o fato de eu um dia ter apostado tudo, inclusive as mudanças pelas quais deveria passar, em um ser idealizado, que deveria suprir todas as minhas carências no exato momento em que nos conhecêssemos. Bem, esse dia simplesmente nunca veio! Procurei muito, busquei das mais variadas formas, mas o tão falado Deus parecia estar além do meu alcance e eu, por minha vez, aquém de suas expectativas e julgamentos morais. Hoje a situação já não é mais assim. Afirmar que muitas mudanças ocorreram dentro de mim nos últimos dois meses não constituiria qualquer mentira, antes seria a fala mais correta a sair de minha boca.
Amanhã terei a oportunidade de comparecer a um retiro espiritual de uma igreja evangélica de Maúa, a ser realizado em Ribeirão Pires. Posso dizer, sem medo, que os quase quatorze anos passados por mim em igrejas evangélicas não me fizeram muito bem, ao contrário do que muitas possam pensar. Claro que não as desmereço ou descrimino, apenas afirmo a minha incapacidade àquela época de filtrar informações e reconhecer o limite, a divisão entre a "mão divina"  e a ação humana naquilo tudo  (assim como ocorre em todas as religiões, sem exceção). Veremos o que será, né?! Espero obter várias respostas e fazer progressos na minha caminhada.
Não o falo com o intuito de iniciar uma pregação ou coisa semelhante, mas acho que todos deveriam parar em alguns momentos de suas vidas pra fazer uma profunda auto-análise. Independentemente de crenças, pois isso é algo necessário a cada um de nós, desde o ateu convicto até o fanático religioso. Tomemos como exemplo a natureza, apenas para termos idéia de como o pensamento segue. Para saber se algo está errado é necessário medir concentrações de determinados componentes, observar as alterações visíveis, os índices de proliferação de certos organismos, entre muitas outras variantes. Sem isso não adianta dizer que algo não vai bem, que aquilo outro está com problemas ou que devemos agir para consertar. Consertar como se nem sabemos a causa? Como se arruma algo que não possuímos a compreensão dos motivos pelos quais se encontra fora de ordem? Não sabemos nem explicar a razão de acharmos que há algo errado, quanto mais tomar qualquer medida para corrigir a situação.
E por isso o estudo é importante, uma vez que só através da aquisição do conhecimento consegue-se criar hipóteses e fornecer possíveis explicações para as desordens encontradas. Se estudamos, então, infindáveis coisas a fim de compreender melhor o Universo, seus componentes e as leis que regem a vida, por que simplesmente ignoramos a necessidade de conhecermo-nos e entender como nós mesmos funcionamos? Se pensarmos pro breves instantes, constataremos que cada um de nós forma um Universo particular. Temos idéias e filosofias correndo em nossas mentes, governos impostos por nós para que desempenhemos corretamente as tarefas, formas de julgar ações e pensamentos, reações químicas, interações físicas e biológicas, deveres e direitos que nos dizem respeito e até um relacionamento com nosso interior, que se traduz por aquilo que fazemos a fim de atingir o bem-estar. E se tudo isso está incluso dentro de nós, se milhões de coisas se passam na vida de uma só pessoa, se a junção de tantos fatores forma uma rede tão complexa a ponto de influenciar absolutamente tudo em nossas experiências, por que recusar-se a estudá-la e negar-lhe a devida e tão merecida atenção?
Se o fazemos, podemos identificar com maior facilidade os problemas, entender mais sobre nossos mecanismos de ação e reação, saber os motivos para pensarmos "A" ou "B" e, dessa forma, compreender como isso tudo atua em nosso relacionamento com os universos das outras pessoas, sabendo, por fim, como ajudarmo-las a formar um Todo, hoje constituído por mais de 6 bilhões de pequenos universos. Somos todos parte disso e se desejamos algo melhor para esse mundo, se queremos ajudar aos outros e, claro, a nós mesmos precisamos sentar e analisar nosso próprio mundo, em toda sua complexidade. Só assim saberemos realmente nossos problemas, suas origens e como resolvê-los. É a única forma  de agir conscientemente com o objetivo de se tornar alguém melhor a cada instante. A natureza é assim, o mundo é assim e nós estamos inclusos nisso, sendo, portanto, iguais a eles.
Se insistirmos em prosseguir apontando os defeitos alheios, mas esquecendo de olhar para os problemas internos estaremos somente criando mais um mundo saturado, incompleto e vazio. E disso, venhamos e convenhamos, o mundo já está cheio!


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