quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cuide muito bem dos seus dentes!


Ok, eu sei que o título e a imagem juntos compõem uma coisa singular, deveras engraçada. A importância disso, contudo, ainda que de senso comum, é absolutamente inegável e o assunto não deve ser deixado de lado. Bem, quem está lendo agora pode estar se perguntando "Nossa, mas de onde veio a idéia e a vontade de escrever sobre isso num blog?" e presumivelmente achando uma baita baboseira trazer para cá esse tipo de discussão. Eu, no entanto, respondo: não é besteira quando você está em casa, sentindo uma dor nada prazerosa resultante de um recente tratamento de canal. É, meus amigos, eu achava que a extração do siso doía - e dos quatro já arranquei três - até ter esse tipo de problema e saber que, além dessa cirurgia, ainda preciso colocar uma prótese.
Não, eu não cuido mal dos meus dentes. Pelo contrário. A dor de cabeça que já me deram durante minha vida foi lição suficiente para fazer-me zelar por eles, quase como se fossem um tesouro - e de fato são. Porém, não encherei isso aqui com relatos das noites de dores, inúmeros problemas com cáries e o fato de que aos sete anos minha dentição era inteiramente definitiva. O que interessa é a estranheza desse tipo de procedimento, onde busca-se remover a polpa do dente a fim de eliminar o tecido necrosado - ou seja, é como se seu dente tivesse "morrido" - e tornar possível a sua restauração. Pra mim, a apreensão começou já pelo doutor.
Ele não era ruim, chato, esquisito, cegueta, bruto, estressado e, para meu alívio, não demonstrava qualquer traço de Mal de Parkinson (senão eu, indubitavelmente, entraria em desespero). Tinha uma aparência tranquila, cabelos curtos e claros, olhos castanhos, provavelmente menos de trinta anos, um jeito simpático e atencioso e, para completar, ainda era especialista em tratamento de canais. Oras, com isso deve nascer em vocês a questão: se ele parecia ser tão bom assim, qual o grande problema? Concordo plenamente, mas discordo absolutamente. Ele certamente era o cara ideal pra fazer aquilo, mas lhe faltava uma simples e singela coisa, somente um pequeníssimo detalhe: ser a minha dentista, a Drª Ana Paula!
Eu me consulto com essa mulher desde uma época tão remota na história, que seria praticamente impossível datar o momento em que a conheci - bem, exageros a parte, garanto que foi depois de 1992. E hoje, pela primeira vez em minha vida, outra pessoa mexeu em minha boca! Isso, ao meu ver, era uma ótima razão para ficar nervoso. Mas tudo bem. Não fiz alarde, não me joguei no chão e esperneei nem chorei por horas a fio chamando pela minha mãe; deitei na mesa de operação e simplesmente rezei para todos os santos que sabia o nome, pedindo pra sair vivo dali (mentira, não fiz isso, só busquei um pouco de ajuda de Deus). Teria início então a tortura.
Ok, ok! Não foi tãããão ruim assim. Recebi a anestesia e em poucos minutos deixei de sentir a parte direita superior da minha boca. Ele então retirou o curativo feito antes pela outra dentista e iniciou, com aquela maquininha tão amada de nossos corações, a perfuração do dente a ser tratado. Tudo estava perfeitamente normal até esse ponto. Sem reclamações de dores, exaltações ou objetos esquisitos. É, não durou muito tempo. Saindo diretamente do nada e indo parar logo em minha boca, veio uma tela azul de látex - pelo menos eu acho que o material era esse - circular, sendo encaixada em meu dente com uma espécie de mistura de alicate e elástico (não consegui ver direito essa parte). O negócio era grande! Ocupava toda a minha boca e ainda transbordava, tapando a ponta do meu nariz e um pouco do queixo. A despeito da minha cara de medo, ele prosseguiu.
Foi criando uma abertura cada vez maior no dente, fazendo-me chegar a pensar que este já nem mais existia em determinado momento. As agulhas que eu vira em sua mesa logo no início do processo começaram a ser utilizadas. Ele escolheu uma e começou a enfiá-la em várias cavidades, raspando tudo que encontrava pelo caminho e atingindo a gengiva. Se você tem aflição de injeções e afins, deveria pensar muito bem antes de entrar numa cilada dessas, a menos que seu dia esteja muito parado e precisando de algumas emoções (de preferência não tão fortes quanto as da imagem abaixo). As coisas continuaram iguais e já devíamos estar em cerca de uma hora de trabalho, quando um novo instrumento entrou na jogada.


Ele puxou uma corda com uma coisa similar àqueles prendedores de metal que estamos acostumados a usar em bolsas, encaixando-a a um aparelinho pequenino sobre a bancada e pondo-a, na outra extremidade, em minha boca. Conectou um dos fios a uma agulha e voltou a fazer o que estava fazendo, só que um pouco diferente. O bicho ficava apitando a cada coisa que ele fazia, oscilando entre sons agudos e graves e variando os intervalos entre um bip e outro. Enquanto isso a agulha continuava a entrar e sair em meu dente por vários lugares diferentes, guiada pelo barulho da máquina, e a bendita da tela azul insistia em não me deixar ver a situação. Aproveitei-me então do fato de ele estar usando óculos e passei a observar tudo através deles. Não dava pra enxergar muito, mas dava-me uma noção do que eu estava passando.
Seria de espantar se eu dissesse que não estava doendo nada, mas essa é a mais pura verdade. Todavia, quando finalmente senti algo foi como se minha alma tivesse saído do meu corpo, ido dar um passeio no inferno só pra conhecer o ambiente e finalmente voltado com algumas lesões e sequelas. Tive vontade de chorar ou esmurrar alguém, preferencialmente a mim mesmo, porém me contive e apenas apertei com força o braço da cadeira. A situação se seguiu assim por mais uns dez minutos e a cirurgia chegou gloriosamente ao seu fim. Bem, pode ter parecido rápido contando, mas fiquei uma hora e quarenta minutos estirado enquanto os aparelhos dançavam pelo meu dente.
Ao término levantei-me, paguei a conta e peguei a receita. Claro, não sem um esplêndido comentário "Seu caso estava bem complicado, por isso demorou tanto. Aliás, nunca vi uma raíz igual a sua e, pra falar a verdade, não entendi bem como ela funcionava, mas fiz o possível pra resolver o problema". É lógico que ouvir isso de um especialista me encheu de orgulho e felicidade. Afinal, quem é que desafia todos os dias os conhecimentos de um odontologista especializado e prova que seu dente pode ser mais estranho que o das outras pessoas? Tinha que ser eu pra fazer isso, não é mesmo?! Parece-me até o episódio da janela, que posteriormente contarei aqui. Coisas que eu amo e acontecem justamente comigo!
A minha história, embora não seja muito agradável, é verídica e retrata bem o cuidado que devemos ter com nossa dentição. Minha tia está passando pela mesma coisa agora, só que ela já está com mais de cinquenta anos. Eu mal completei dezoito! É inegável o fato de que todos os meus problemas com os dentes, acumulados ao longo de quatorze anos, ajudaram muito para a ocorrência desse episódio aqui relatado. Entretanto, quero deixar como sugestão a criação de uma maior preocupação com a sua saúde bucal, pois as coisas podem ficar realmente complicadas se os devidos cuidados não forem tomados. Cuide, portanto, muito bem de seus dentes e vá a um profissional ao menos duas vezes por ano, não hesitando em contatá-lo frente a qualquer possível problema. Fazendo isso você eliminará várias dores e desprazeres, não saindo ainda de um consultório infeliz por estar sentindo sua boca explodir e deixando ao dentista a quantia nada amigável de seiscentos reais. 


2 comentários:

  1. NOssa, essa brincadeira saiu caro hein!!! o pior é quando vc tem dor em todo o lado da boca e descobre q não é carie, e sim apenas uma gripe mal curada e com a região dos sinos (acho q era isso, perto da maça do resto)infeccionada, e por isso pressionava as raizes dos dentes... humm foram umas semanas tão gostosas.

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  2. DKSDASODOPDOPKPDKPDSPODKADSPOPODS
    Descobrir isso indo ao dentista deve ser uma coisa maravilhosa :p

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