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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pra ver e rever!


Fugindo um pouco dos temas das últimas postagens, hoje resolvi escrever sobre um filme que vi semana passada, na quarta-feira (19/01), lançado recentemente no Brasil com o título de "Além da Vida". Tendo direção de Clint Eastwood e contando com Matt Damon no elenco a trama não promete grandes coisas se julgada por seu trailer, mas certamente impressiona de uma forma inovadora. O roteiro não pareceu sequer beirar a simplicidade, posto que as cenas foram muito bem construídas e a individualidade dos personagens explorada da melhor maneira possível. Esses dois elementos juntos nos permitiam submergir no universo das emoções de pessoas com modos de vida tão distintos e personalidades oscilantes, levando-nos à percepção de que todos estavam em busca de algo, um pedaço de si mesmos perdido em algum lugar aparentemente inatingível; uns compreendiam essa procura e se guiavam por ela, enquanto outros simplesmente seguiam a correnteza de seus sentimentos frequentemente instáveis e acabavam, sem querer, encontrando respostas e questionamentos.
Não pretendo tornar esse texto um spoiler, portanto omitirei praticamente a história toda. Ainda assim, devo dizer que o longa superou absolutamente minhas expectativas. Quem já viu deve ter notado a proximidade de tudo aquilo com a vida real; em momento algum fica difícil fazer uma simples conexão com nosso universo, de nossos familiares, amigos e das pessoas que conhecemos em geral, fator de suma importância para criar uma empatia com os personagens. Muitos podem afirmar que um pecado cometido possa ser a constatação da inevitabilidade do destino através, principalmente, do desfecho, coisa que eu discordo plenamente. Aliás, mostrar como todos as nossas ações trazem consequências para o universo como um todo e mudam não somente a nossa vida mas também a de muitos outros seres humanos é um ponto chave no enredo para mim. Não se trata de destino, tampouco de sorte, apenas de escolhas, aquela velha coisa de "colhemos o que plantamos".
Estabelecendo isso como verdade, o filme ainda vai além e faz-nos refletir se possuimos ou não total controle sobre nossas vidas. Questiona se somos realmente os senhores de nossas ações, se estamos completamente conscientes, conduzindo-nos, consequentemente, a pensamentos mais profundos. Torna-se mais interessante ainda ver o jogo criado com a palava "Herefater", título original do filme. Pela tradução online do termo através do dicionário Michaelis, temos:

hereafter
here.aft.er
n futuro, vida futura. • adv depois, daqui por diante, futuramente.

Sendo assim, a história toma a liberdade - e isso, pra mim, é fantástico - de usar o nome em seu significado completo. De que forma? Muito simples! "Hereafter", como visto acima, pode significar tanto vida futura quanto daqui por diante ou depois. Quem está pensando que o tema "vida após a morte" é o centro do filme pode tirar o cavalinho da chuva. Isso, apesar de ter enorme importância, é apenas o plano de fundo de onde brota todo o resto. O "daqui por diante" é o nosso próximo momento, o dia seguinte, nossa próxima atitude até e, inclusive, depois do momento de nossa morte; essa sucessão é reforçada incenssantemente e sutilmente durante toda a trama. A passagem para "o outro lado" toma um caráter tão aceitável e normal, longe das centenas de preconceitos tão arraigados em nossa sociedade, que é colocada apenas como uma continuação. Sendo assim, o "daqui por diante", "depois", "futuramente" nunca termina. Temos o aqui, nossa vida nessa Terra, e temos o depois, o "here" e o "after". Ninguém some, ninguém evapora...só prosseguimos.
Todavia, não é pregada qualquer religião, seita ou coisa do tipo. Deus não entra na jogada, muito menos a fé. A única coisa que conta é a continuidade natural de nossa existência, independentemente de crenças pessoais. Como resultado disso temos um filme que pode ser assistido por todos e todas, capaz de ensinar e nos emocionar profundamente.
Àqueles e àquelas que estão pensando em ir a um cinema ver algo recomendo fortemente esse longa. Dúvido que se arrependerão. Quando tiverem visto tentem deixar um comentário dizendo se aprovam ou não a história. Eu quero revê-lo em breve, pois uma vez só não é suficiente pra captar toda a mensagem principal.

sábado, 22 de janeiro de 2011

E agora vamos a alguns rumos novos!

Pois bem, pessoas, como eu disse na postagem de ontem de manhã, agora o blog sofrerá algumas mudanças em seu conteúdo, mas creio que tais coisas trarão apenas crescimento a todos nós. Além do enfoque talvez mais político, preciso avisar-vos sobre uma coisa: tornei-me um Cyberativista! Isso mesmo, um ativista online. Ok, vocês devem estar se perguntando que diacho é isso; a explicação, todavia, é deveras fácil. Um Cyberativista nada mais é que um divulgador de notícias, matérias, campanhas, eventos e outras coisas voltadas ao desenvolvimento de atividades solidárias.
Já é de longo tempo a minha vontade de fazer algum tipo de trabalho voluntário, só que minha agenda sempre acabava ficando apertada e a disponibilidade de horário tornava-se escassa demais. Logo, o plano era adiado e eu marcava comigo um dia em que buscaria algo do tipo. Digamos que finalmente chegamos ao tão esperado momento e, de agora em diante, entre as outras postagens, haverão textos com informações vindas do site Voluntários Online. Aliás, se vocês quiserem conhecer mais a fundo o projeto e contribuirem da mesma forma, ou ainda fazendo algo diferente, visitem o link acima e informem-se.
Espero que o futuro do "Capita a tutti" seja bom e que possamos seguir juntos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mudanças à frente...

Como alguns já perceberam - eu acho -, minhas postagens estão começando a tomar um rumo diferente; atribui-se isso, logicamente, às mudanças que eu mesmo venho sofrendo, uma vez que o texto reflete o estado atual do autor, e o ritmo acelerado em que meus pensamentos se alteram. Tenho buscado por mais notícias, especialmente na mídia independente, começo agora a me envolver com alguns movimentos sociais (estive ontem no protesto contra o aumento da tarifa do ônibus em São Paulo, que detalharei em um post futuro) e nasce dentro de mim uma vontade de estar mais engajado com a política e outras coisas constituintes de nossa sociedade.
Dessa forma, há, certamente, uma transformação prevista no conteúdo das próximas postagens, bem como  o "nascimento" de uma abordagem e estilo diferentes dos que venho seguindo até o presente momento. Espero que os leitores continuem seguindo, lendo, buscando informação e, sem dúvida alguma, criticando o que julgarem necessário, posto que através da discussão - em seu contexto civilizado, claro - chega-se a novas idéias, conceitos e até mesmo propostas de crescimento para ambos os lados. Tentarei ser ainda mais assíduo e peço-vos para retornarem à página sempre que possível, especialmente hoje à noite pois darei uma notícia também importante e relacionada diretamente ao futuro do "Capita a tutti".
Obrigado pela atenção e vamo que vamo!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Palhaçada talvez seja eufemismo (Atualização 1)


As modificações encontram-se no fim da postagem, com a respectiva data!

Se alguém viu meu facebook ontem - ou talvez o twitter - sabe o quanto tenho reclamado, desde as 13h, dos problemas no site do SiSU. Todavia, não sou apenas eu que está enfrentando problemas, mas sim dezenas de milhares de estudantes espalhados pelo Brasil todo. E tudo por quê? Por falta de planejamento e, ao meu ver, um enorme descaso conosco. Problemas do Enem à parte (sem ressaltar, claro, que ano passado ele foi adiado de última hora e agora ocorreram erros na impressão), a dificuldade em acessar o SiSU está estampada nas comunidades relacionadas ao assunto, principalmente no orkut. 
O jornal, por sua vez, pouco noticiou a respeito, sendo isso consequência, logicamente, do pronunciamento escasso, para não dizer quase inexistente, do MEC; nota-se ainda a aparente incompetência do órgão em administrar o programa, o que traz força para aqueles que são contra o Enem e o SiSU. Quando algo foi dito, tivemos palavras como "tenham calma" e "o site está um pouco lento". Agora vá dizer a todos que nesse momento fazem plantão na frente do computador, às centenas de jovens que devem ter utilizado lan houses para fazer sua inscrição e acabaram se frustrando por gastar dinheiro inutilmente, como também àqueles que não possuem fácil acesso à internet mas ainda assim se esforçaram para tentar ficar online, ainda que por breves minutos, só por causa do SiSU. Site lento?! Houve momentos em que nem se conseguia visualizar a página! Mas vamos pegar o problema pelo começo, certo?!
Pois bem, eu não entrei às 6h da manhã na internet justamente por temer a sobrecarga do sistema e as dificuldades que poderiam advir disso. A minha decisão, entretanto, não mudou nada, pois iniciei minhas tentativas às 13h e até o presente momento não obtive qualquer resultado satisfatório. Logo no início, conseguia acessar a home page do site e até passar à segunda janela, onde digitamos o número de inscrição e a senha do Enem. Ao passar para a terceira página, infelizmente, o tempo de resposta do servidor estourava e eu tinha que recomeçar. Depois de um tempo, a segunda página já não abria mais e não demorou muito para que a inicial tomasse o mesmo caminho; clicar no link do SiSU, encontrado pelo pesquisa do Google, tornou-se absolutamente inútil, uma verdadeira perda de tempo.
Essa situação perdurou por, pelo menos, oito horas, creio eu, alternando entre períodos em que era possível abrir até a segunda página e outros nos quais não dava sequer pra entrar no site. E haja paciência! Às 00h o expediente acabou, sendo o retorno da página previsto, segundo o MEC, para as 6h; por volta de 1h, contudo, as inscrições foram reabertas. Eu corri para tentar fazer a minha e consegui marcar até a opção de primeiro curso (correspondente à 4 página), mas o excesso de acessos novamente não me permitiu concluir o registro. Resultado: o site não se manteve por mais de 2 minutos no ar, sofrendo novamente problemas com a rede. Agora a página está fechada e não tenho idéia de que horas conseguirei finalmente resolver isso, havendo uma grande quantidade de jovens nesse país na mesma situação.
O pior de tudo foir ler uma reportagem onde o MEC afirma que a banda foi feita para suportar até 400 inscrições por minutos, sendo que na tarde de ontem as taxas chegavam a 600/minuto e 84 mil acessos simultâneos. Será incompetência do Ministério da Educação ou apenas falta de respeito com as pessoas que realmente dependem desse sistema para garantir sua vaga numa universidade de qualidade? Ambas as respostas não nos levam a algo bom, sem dúvida, e palhaçada talvez seja eufemismo pra tudo isso.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Como se não bastassem todos esses problemas, ontem ocorreu um ainda pior: por alguma espécie de erro no sistema, houve vazamento de dados dos alunos inscritos no SiSU! Isso mesmo, uma baita dor de cabeça para todos nós. Dezenas de alunos no orkut - e eu estou incluso nisso - relataram que ao abrir a página do site, digitarem seus respectivos dados e confirmarem, surgia uma mensagem de erro e então, inesperadamente, ao tentarem recarregar a página, informações de outras pessoas, com notas e opções de curso diferentes apareciam. Nessa hora um nervoso verdadeiro, e absolutamente fundamentado, tomou conta de todos, pois se qualquer um pudesse acessar a inscrição de outro candidato isso significava que havia risco de alterações nas opções individuais. Para comprovar tal afirmativa, alguns indivíduos começavam a declarar que seus cursos haviam sido mudados sem qualquer precedente. Eu, por exemplo, tive minhas duas inscrições canceladas.
Pipocaram centenas, se não milhares, de reclamações direcionadas ao MEC, Enem e SiSU, sendo que muitas chegaram a ser mandadas para diversos sites jornalísticos. Eu, por twitter, insistia em pedir ao MEC um pronunciamento a respeito do problema, embora tanto a minha voz quanto a de todos os outros que enfrentavam a mesma situação parecesse não ser ouvida. Não lembro ao certo o horário, mas o twitter do MEC consta de 21 horas atrás a primeira resposta em relação ao problema, ou seja, entre as 22 e 23 horas de ontem; toda a confusão, entretanto, tivera inicio às 19h23. O órgão alegou que um erro na memória cache causou o transtorno, mas nenhum dado, segundo o MEC, foi verdadeiramente alterado. Bem, o problema foi realmente resolvido, mas a atmosfera continua muito tensa em relação à gestão do programa. 
O site continua dando erros, apresentando lentidão excessiva e ainda é difícil acessar as inscrições. Hoje pela manhã a Defensoria Pública da União do Ceará (DPU) entrou com uma ação contra o Enem por conta dos problemas com as notas das provas, ainda sem levar em consideração as dificuldades com o SiSU. Agora é esperar pra ver se sai algo disso, porque no fim das contas nós pagamos o pato. Quem sabe com a alteração na presidência do Inep as coisas possam tomar um caminho, pelo menos, não tão difícil.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Depois do nervoso, um pouco mais de desespero.


Bem, acho que as pessoas mais próximas a mim - ou mesmo aquelas um bocado distantes - sabem que os três últimos dias foram bem tensos; para mais 35.764 pessoas, aliás, o nervosismo deve ter sido equiparável. E tudo por quê? Por causa da bendita da Fuvest, é claro! Esse vestibular para o qual nos preparamos durante meses e que definirá se faremos ou não o curso tão desejado numa faculdade de renome. Discussões acerca da qualidade à parte, temos a realidade: o vestibular da USP é o mais concorrido do país. Isso já basta pra causar um leve frio na barriga ao sabermos da nossa necessidade futura de enfrentá-lo, embora cada curso tenha suas particularidades no que tange o ingresso na universidade; prestar Medicina é totalmente diferente de candidatar-se a uma vaga em Letras. Eu, por sorte - e logicamente por afinidade -, escolhi a segunda dessas duas, não necessitando, portanto, preparar-me durante um ano ou mais e deixar algumas centenas de reais num cursinho. 
Mas a coisa não foi tão fácil quanto eu esperava. Após passar pela primeira fase, numa prova realizada em 28 de novembro do ano passado, veio a parte mais difícil, chamada segunda fase. Três dias de provas, cada uma com duração de quatro horas, e sem uma alternativa sequer. Todas as questões inteiramente dissertativas! Domingo foi o primeiro dia. Lembro de ter me sentido calmo, relaxado - ainda que quase tivesse sido assaltado uns quinze minutos antes - e não haver encontrado grandes dificuldades, fosse resolvendo as 10 questões de Língua Portuguesa ou escrevendo a redação sobre "altruísmo e pensamento a longo prazo na sociedade atual". Ainda assim, o mar de rosas não durou mais que 24 horas. Ao me deparar com as questões de Matemática, Física, Química e Biologia, já no dia seguinte, simplesmente entrei em desespero. Não sabia absolutamente NADA! Algum de vocês já olhou pra uma prova e disse pra si mesmo "fodeu"? Pois bem, repeti isso em voz baixa umas trinta vezes, mas ainda assim nada mudou; a prova continuou tão impossível quanto estava no começo e eu saí com um saldo de 7 questões respondidas...de 20!
Só queria chorar e me descabelar, lembrando incessantemente o quanto eu era um asno e achando que não seria nada na vida. Típico drama adolescente (e olha que em termos legais já sou adulto). Sobrevivi sem grandes cicatrizes, logicamente. Não morreria por causa de um vestibular; além disso, ainda havia o terceiro dia para recuperar tudo que eu perdera no anterior. E assim foi hoje. As 12 questões de História e Geografia podiam até não serem tão fáceis quanto eu gostaria, mas me permitiram respostas adequadas. Saber que resolvi todas elas me deu um grande alívio, pois a pequena esperança de conquistar minha vaga na USP renasceu.
Voltei pra casa feliz e saltitante, quase me sentindo estrela de filme hollywoodiano naqueles dias em que o céu parece mais azul, as plantas mais verdes, as pessoas mais bonitas e gentis e o mundo torna-se um lugar aconchegante e prazeroso para se viver. Ainda assim, parte da beleza esvaiu-se agora pouco. A tranquilidade absoluta resolveu ir junto, fechando a porta na minha cara e não me dando qualquer previsão de volta. Pensar que eu poderia entrar numa faculdade e saber que todo meu esforço só ocorrera por eu ter decidido a minha carreira futura trouxe-me um bocado de desespero. Comecei a dar os primeiros passos na construção daquilo que um dia hei de me tornar. E como saber se é o caminho certo? Aliás, como saber se, tomando ou não esse caminho, as coisas darão certo? Eu não faço idéia e se alguém souber, por favor, deixe um comentário com a resposta, mande uma mensagem ou escreva um livro a respeito. Ficaria profundamente agradecido.
Agora eu simplesmente empacoto meu nervosismo, deixo-o guardado em algum canto bem escondido e espero até os resultados das provas estiverem prestes a sair para colocá-lo em liberdade novamente. Até lá, sairei um pouco pra ver se encontro a tranquilidade em alguma esquina por aí. Quem sabe ela estava precisando de um tempo longe de mim, não é mesmo?!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nossa, eu ainda existo!


Nossa, eu ainda tenho um blog! Meu Deus...quase esquecera completamente esse pequeno pedaço da minha vida. Muito provavelmente, depois de tanto tempo, deixá-lo-ia largado às traças se não gostasse ao menos um bocado de escrever, se fosse uma daquelas coisas que fazemos em momentos de ócio absoluto, quando impera a vontade fugaz, porém tremenda, de encontrar algo que abrevie a passagem do tempo. Entretanto, o "Capita a tutti..." certamente não o é; tampouco a prazerosa sensação de ter um teclado (ou lápis/caneta) e um monitor (ou papel) pode ser considerada assim. Por isso, depois de quase um mês e meio estou de volta! Agora, não é um simples retorno, mas sim O Retorno!
Isso mesmo...ACABOU! Soletrando: A-C-A-B-O-U! Depois de um ano e meio o técnico finalmente terminou! Tá, não completamente, ainda tenho uma prova de recuperação na terça (tá, esse post tá um pouquinho atrasado...era pra ter sido colocado aqui segunda, dia 6/11). Mas o TCC, o inferno maior que se pode ter, acabou! E pra melhorar ainda tiramos MB (nota máxima), o que me deixa ainda mais contente! Tá certo que os professores beberam um bocado pra falar que nosso trabalho estava muito bom, que fomos extremamente organizados (puff!), que o grupo estava bem integrado e todos participavam ativamente (puff!puff!) e que sempre fomos muito dedicados (puff!puff!puff!). Dessa forma, embora inimigo declarado do álcool, agradeço a ele por seus grandes feitos em minha vida, já que sem sua ajuda a banca provavelmente estaria sóbria, racional e exigente e nos daria um R (regular).
Claro, a vida não está infinitamente mais fácil depois disso, mas um peso enorme foi tirado de cima de mim. Agora tenho muitos outros problemas a resolver, que foram deixados de lado por causa dessa joça e, infelizmente, continuam a existir (é, ignorá-los não os faz ir embora). Rezo agora pra ter força e amor pra cada dia adiante e nunca mais passar por essa loucura que passei esse ano. E graças a Deus eu ainda existo, senão...bem, as consequências são totalmente dedutíveis nesse caso, não?! Quem lê, continue a ler, quem não o faz, comece agora. Espero trazer posts muito bons e poder compartilhar convosco umas pequenas partes da minha existência e do meu cotidiano.

Agradeço a Deus pelo amor, força, paz, luz e inteligência que me concedeu para vencer mais essa etapa, à minha família pelo apoio dado o tempo todo, aos amigos pelas descontrações e risadas absolutamente oportunas e, logicamente, ao Fê por ter sido compreensivo, amoroso, atencioso e prestativo sempre quando precisei. Valeu, gente, de verdade!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Só pra deixar a emoção tomar conta...


Hoje, só pra variar um bocado, o post não é sobre nada que acontece com todos. Aliás, acho que isso talvez esteja errado. Melhor arrumar, né?! Ok, recomeçando...

Hoje, sem desviar um milímetro sequer da temática do blog, o post é sobre algo que acontece absolutamente com todas as pessoas. Diga-me que não, que nunca aconteceu com você e realmente teremos um longo debate pela frente. Afinal, quem nunca amou? E não falo de somente amar um pai, mãe, irmão, namorado, tia, avô, pássaro, cachorro ou árvore; não somente disso. Quem nunca sentiu aquela proximidade com determinada pessoa ou coisa e soube que aquilo estava longe de ser um sentimento pequeno e mais distante ainda de ter um fim? Quem nunca se flagrou pensando no ser ou objeto amado e percebeu a enorme importância daquilo em sua vida? Quem nunca suspirou e sorriu sonhando em unir-se eternamente ao seu amor? Se você nunca o fez, pode atirar a primeira pedra (favor jogá-la na tela do seu pc, não em mim) e ir urgentemente procurar algo que lhe traga alguma felicidade.
Todos nós amamos algo ou alguém, independentemente das disparidades e impossibilidades. Pra mim, o amor move o mundo que conhecemos, caso contrário ninguém correria atrás dos seus sonhos e vontades, posto que tudo seria desinteressante. Você pode amar seu carro, sua casa, sua família, seu blog (eu gosto do meu, mas não julgo amá-lo), um papel amassado na sua gaveta, uma camiseta nova ou aquela velha mesmo que nem serve mais e deixa tua barriga quase totalmente de fora, seu animal de estimação, seu celular e tantas outras coisas. Tem a chance ainda de olhar o dia e amá-lo, de ver o céu e se apaixonar perdidamente por ele, de contemplar as maravilhas da natureza e sentir-se inteiramente comovido por sua beleza e de ter uma infindável fé em Deus ou alguma outra coisa e entregar a ela seu coração e os sentimentos mais escondidos. Não importa o que seja, você e eu temos infinitas opções para nos apaixonarmos.
Amar é certamente uma escolha e, pelo menos ao meu ver, a mais sábia de todas. Amar não traz e nunca trouxe sofrimento a ninguém, isso eu garanto. Pelo menos o amor idealizado, aquele sem nenhuma ressalva, sem preconceitos, desprendido, forte, verdadeiro e poderoso, esse definitivamente não causa dor. Nossa dor surge do apego, da nossa mania insistente em querer tornar eterno o que sabemos ser passageiro. Coisas e pessoas vêm e vão, esse é o movimento da vida. E ainda bem que amamos, pois se não o fizéssemos estaríamos perdidos e a raça humana já teria sucumbido às suas próprias trevas. Eu posso afirmar ter achado alguém pra amar, alguém que realmente me faz bem. Claro, desejo um dia amar a todos igualmente, assim como fez um grande homem no qual tento sempre me inspirar, mas preciso ressaltar a importância dessa pessoa na minha vida.
Hoje fazem sete meses que estamos juntos, num compromisso real e eu só tenho a agradecer por isso. Se nosso relacionamento é perfeito? Eu considero que sim. Se tem discussões? Ultimamente não tanto, mas já tivemos muitas e com muita ajuda externa - por assim dizer - todas renderam bons frutos. Nada de brigas ou xingamentos, apenas debates visando ao entendimento mútuo. E eu posso me dizer um homem absurdamente feliz por te ter em minha vida, meu amor, pois sei o quanto tudo que vivemos me faz bem e me trouxe crescimento como pessoa. Nós passamos muitas dificuldades pra concretizar esse sonho de estarmos juntos e só provamos que nosso sentimento era e é suficientemente grande pra superar todos os obstáculos. Sorte é pouco pra descrever quão bom é estar e caminhar ao teu lado. Não pertencemos um ao outro, isso eu sei. Jamais pertenceremos. E isso é o que me traz alegria, saber que optamos a todo momento por trilhar essa estrada juntos. Não é uma obrigação; antes poderia chamar isso de um dos maiores prazeres que tenho no meu cotidiano. E se há algo belo, isso é definitivamente o amor.
Não quero me estender, pois cada um sabe da intensidade e veracidade desse sentimento aqui por mim mencionado. Só fiz esse post realmente pra agradecer a ti, Fernando, e a Deus por sempre nos iluminar. Obrigado a todos que silenciosamente nos deram apoio e também àqueles que estenderam as mãos para nos ajudar quando precisamos. Nossa felicidade se deve muito a vocês, sem dúvida. E estamos aí na contagem regressiva, né?! Faltam só 13 dias pra deixar a emoção tomar conta por completo, assim como faço nesse momento, mas, logicamente, com muito mais força.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Deu branco!


Como anda a memória de vocês? Conseguem lembrar de tudo que fizeram, daquilo que planejaram, do seu dia inteiro, das situações? Espero, do fundo do coração, que a resposta para TODAS essas perguntas seja um forte e alto "SIM", caso contrário estamos juntos num barco meio perdido no oceano. Nunca comentei sobre isso, mas todas as quartas-feiras tenho um compromisso em Guarulhos e vou do técnico diretamente para lá. Vale muito a pena, mesmo quando penso no metrô lotado e em gastar uns oito reais a mais de condução. Todavia, na última quarta-feira do mês o local do evento - se assim posso chamá-lo - é fechado para o público geral, ficando restrito aos "funcionários". Nem preciso dizer que esqueço esse pequeno detalhe, né?! Pela segunda vez, que seria hoje, gastei meu tempo, meu dinheiro e minhas energias pra trocar de município (só gostaria de dizer que o percurso casa-lugar leva cerca de 1h20 pra ser completado) inutilmente. Sim, cheguei lá e adivinha o que encontrei: portas fechadas!
Claro, não posso culpar a organização e as normas do estabelecimento por causa disso, tampouco alegar falta de comunicação, posto que já sei disso há uns três meses. Mas certamente seria muito mais fácil chover dinheiro e todos ficarem ricos que eu lembrar de algo dessa natureza! E não é só com compromissos que isso ocorre, coisa que torna tudo ainda pior. Meu cérebro deve encarar 80% das coisas que eu leio como absolutamente dispensáveis. Deve até zombar de mim, achando-se incrivelmente sábio, inteligente e suficientemente capacitado para decidir por mim as informações a serem retidas e aquelas que serão descartadas. Eu insisto, discuto, brigo e teimo em ler vinte vezes o mesmo texto se preciso for, mas o infeliz faz sua vontade prevalecer e depois de alguns pouquíssimos dias já não lembro quase nada. Ele simplesmente não me dá a liberdade de escolha.
Agora se tem uma coisa, pra ele, especial são línguas. Nossa, parece ser o único grupo de conhecimentos nesse mundo inteiro que ele julga digno de alguma atenção. Posso ouvir uma palavra hoje em qualquer língua ou dialeto e descobrir o significado; afirmo, com 90% de certeza, que depois de vários meses ou até anos ainda terei aquilo gravado na minha memória. É, meu querido cérebro, bem que o senhor poderia fazer isso com todo o resto, né?! Por que só com idiomas, me responda?! Às vezes isso se assemelha até a uma brincadeira, pois é mais fácil eu aprender um texto longo em aramaico - não que algum dia eu já tenha tentado fazer isso - que lembrar da data de um evento histórico e seus responsáveis ou da notícia que li pela manhã. Situação complicada, né?!
Mas tudo bem, quem precisa de uma mente ativa e hábil, que possa reter o máximo de informações possível e trazê-las à tona sem maiores esforços? Eu com certeza não. E vocês? Só espero daqui a um mês não repetir o ocorrido, muito menos chegar na Fuvest, no dia 28 de novembro, e ter que dizer, com muita dor no coração, a frase mais triste no momento de um vestibular: deu branco!

domingo, 24 de outubro de 2010

Fechando o passado...

E aqui encerro essa pequena série de publicações antigas. Se Deus quiser, amanhã postarei algo sobre qualquer coisa, só precisarei de idéias. Obrigado pela atenção e tenham um bom domingo!

Ledsemae - O Choque Entre Os Dois Mundos (Capítulo 1)

Bem, em primeiro lugar acho importante ressaltar que esse é apenas um projeto de livro e a história não está totalmente estabelecida, o que significa que muitas coisas podem mudar ou até que posso, inclusive, não dar continuidade ao enredo. Ainda assim é algo que espero ter força de vontade para levar para frente e concluir, porque tenho um apanhado de idéias que a mim pareceriam muito legais se colocadas no papel e envolvidas em uma trama. Sendo assim, deixo aqui o primeiro capítulo da história, o qual, embora não traga muitas informações, contém uma breve apresentação do modelo da narrativa e da minha forma de contar os fatos (ou da forma de Peter, dependendo do ponto de vista).

Capítulo 1


O meu terceiro primeiro dia


                Pra falar a verdade, não era exatamente uma sensação estranha. Já havia me acostumado a ela, só não esperava que viesse com tanta força dessa vez. 
                Os segundos passavam-se lentamente; não sabia dizer se o tempo havia parado ou não. Mas supunha que não, pois se isso tivesse acontecido, provavelmente aquela cena estaria congelada, e não se desenrolando na minha frente. Não podia mais suportar ficar parado, apenas assistindo tudo aquilo como se fosse um espectador incapaz diante de um filme que por ele não fora produzido. Precisava fazer alguma coisa, precisava ajudar, mover o que pudesse para transformar aquilo. E assim o fiz, mas mal sabia eu que aquela decisão mudaria minha vida inteira dali em diante. E o pior de tudo: mudaria também todo o meu passado e de mais algumas pessoas!

•••
                - Peter Leon Julius, faça o favor de levantar dessa cama nesse exato instante! 
                Aquela voz chegou aos meus ouvidos com uma força absurda, como se estivesse saindo de algum imenso alto-faltante colocado no último volume. Abri meus olhos lentamente e procurei enxergar algo, mas era inútil. Ainda meio zonzo, sentei-me em minha cama e vasculhei meu quarto com a visão embaçada, tentando convencer a mim mesmo de que agora tudo era real. Fora apenas um sonho, nada mais que um sonho. Tão estranho quanto todos os outros que já tive, mas apenas isso: um sonho. 
                - Você ouviu o que eu estou dizendo? É melhor que você não me faça subir aí ou estará em sérios problemas, garoto!
                É, agora sim eu havia me dado conta de que aquilo era a realidade. Aquela voz era inconfundível: só podia ser aquela velha maluca novamente. Será que ela não se cansava de me atordoar? Havia tantas coisas que uma mulher viúva, aposentada e com uma renda razoável poderia fazer! Tenho certeza que viver para atazanar um garoto de dezesseis anos, iniciando o terceiro ano do ensino médio, não estava entre uma delas. Mas faltava pouco. Em breve, dentro de pouco mais de um ano, eu estaria fora daquele lugar! Nunca mais teria de olhar para aquela cara enrugada todas as manhãs e me perguntar, ironicamente, por que os céus foram tão generosos em mandar-me aquela criatura rabugenta. 
                - Eu estou subindo agora! 
                - Não precisa! – gritei eu, já irritado com a situação – Já levantei e estou descendo!
                - É bom mesmo! – retrucou ela, depois de alguns breves segundos.
                O silêncio tomou conta do lugar. Só pude ouvir alguns passos recuando nos primeiros degraus da escada e murmúrios baixos, mas ainda assim audíveis. Percebi então que estava sem óculos (o que daria pra notar pela forma como a minha toalha verde pendurada lembrava muito a moça que fazia a previsão do tempo no Jornal da Noite). Tateando a cômoda os senti. Levantei ligeiramente a borda da minha camiseta e limpei as lentes. Coloquei-os então e o quarto se fez visível novamente. Sem mais delongas abri minhas gavetas, procurando o lugar onde estavam meus uniformes. 
                É, realmente não sei que indivíduo teve a idéia de usar cores tão feias num uniforme. Se queriam envergonhar os alunos, conseguiram. Até aquelas frases de caminhoneiro, como “Se tamanho fosse documento, o elefante seria dono do circo” ou “Nas curvas do teu corpo capotei meu coração” teriam caído melhor numa camiseta. Sem dúvida eu me sentiria melhor se andasse com algo assim escrito em minha roupa. Mas, ao invés disso, tinha que aturar aquele marrom e amarelo. Duas cores horríveis e que, ao meu ver, não combinavam nem um pouco. Se o faziam, quem planejou aquilo realmente não acertou nas tonalidades. Os furos pequenos espalhados pela camiseta eram visíveis a quem se aproximasse cinco metros de mim. Mas aquela, felizmente, era a melhor das três outras, que conseguiam ser até mais feias por estarem tão velhas. A calça também causava espanto em qualquer um que tivesse bom senso. Afinal, que ser humano em plena sanidade mental acharia que uma camiseta como aquela combinaria com uma calça azul índigo? 
                Mas eu não podia fazer nada a respeito, até porque já tivera dois anos pra me convencer disso. Só queria pensar que faltava apenas um terço de tudo aquilo. Era pouco e iria passar rápido. Depois dali pensaria no que fazer da minha vida. Vesti minha roupa, escovei os dentes, arrumei a cama, peguei a mochila e desci as escadas. Ao alcançar o corredor, chegando perto da porta, na esperança de que ela não me visse, uma voz vindo de trás se dirigiu a mim:
                -Até que enfim, hein?! Achei que ia bancar o vagabundo e ficar dormindo o resto do dia.
                Eu parei por alguns segundos, ainda sem olhar.
                - Se eu durmo o resto do dia é pra não ter que ouvir a sua voz – murmurei baixinho, sem me dar conta de que não estava somente pensando.
                - O que você acabou de dizer, garoto?
                - Nada! Só estava me lembrando de que preciso fazer meu dever sobre a Foz! Foz do Iguaçu, sabe?! – falei, deixando um leve sorriso perpassar meu rosto.
                - Ah, bom mesmo! Lembre-se que eu sou sua mãe e você me deve respeito.
                Não falei nada, apenas assenti com a cabeça e saí andando em direção à porta.
                - Não vai comer? Vai pra escola de barriga vazia mesmo? 
                - Não estou com fome. E, além do mais, estou ligeiramente atrasado. Se demorar demais, perderei a aula de História.
                - Ah, as aulas de História. Não sei que grande paixão você vê nisso. Acha que vai ser o que? O novo Pedro Álvares Cabral? Acha que vai descobrir um continente ou qualquer coisa assim? – disse ela, no tom mais sarcástico que conseguiu.
                Sarcasmo por sarcasmo, eu respondi:
                - Ah, não tenho essa pretensão. –falei lentamente - Perdoe-me, mas acho que não darei tamanho reconhecimento à família Leon Julius. Seria preciso alguém com muito mais habilidade que eu para realizar tamanha coisa. E não falo só de inteligência, até porque um pouco de estudo te mostraria que o último continente a ser descoberto já o foi. E, por algum acaso, se chama Oceania. Então, a menos que você pretenda criar outro mundo, onde também haja porções de terra cercadas por mar, e colocar-me nele, creio que não poderei lhe ajudar com o seu belíssimo e admirável sonho de ter um filho descobridor!
                Nem olhei para trás para ver a cara que ela fazia, pois creio que se o fizesse sairia de casa numa ambulância. E não porque ela me atacaria, mas, certamente, a feiúra de sua expressão já seria suficiente pra causar um ataque cardíaco até nos corações mais saudáveis. Bati a porta e saí andando o mais rápido que pude. A rua estava molhada, por isso, mesmo com pressa, tomei cuidado para não levar um escorregão. 
                A escola ficava a apenas quatro quadras da minha casa, o que não me dava muito tempo pra pensar em paz, sem a interferência de minha mãe ou daqueles que, supostamente, deveriam ser meus colegas de classe. Se digo supostamente é porque, de fato, não conseguia nem sequer chamar qualquer pessoa naquela sala de colega. Pareciam mais um bando de animais e eu, até onde me lembro, nunca recebi qualquer aula que me ensinasse ao menos níveis básicos de comunicação com qualquer outra forma de vida que não fosse humana. Não que eu não me pegasse às vezes conversando com cachorros, gatos ou até mesmo pássaros. Mas sentia que eles entendiam muito melhor o que eu dizia que qualquer aluno naquela escola. 
                Enquanto caminhava lançava olhares constantes para o céu. O dia estava nublado e nuvens carregadas se acumulavam. Estavam pesadas e a tempestade que se aproximava parecia não ser muito amigável, por assim dizer. Mas eu não ligava muito, pra ser sincero. Gostava de chuva, de tempos fechados. O Sol não era, de fato, meu grande companheiro. E era até engraçado ver, como naquele dia em especial, os formatos delas lembravam o rosto de um senhor beirando a casa dos setenta e que, pela sua “expressão” (se é que posso dizer isso de um aglomerado de nuvens), comera alguma coisa que não lhe fizera bem. O estranho para mim foi que o vento não correspondia à paisagem; estava fraco e tudo que podia sentir era uma leve brisa, semelhante àquelas de dias de verão em campos abertos.  
                 Um estrondo. Um trovão. Algumas gotas tocaram meus braços. Se eu não quisesse chegar à escola todo molhado era melhor que acelerasse meu caminhar. Tentando andar mais rápido e ao mesmo tempo não parecer um completo desengonçado ao desviar das poças que haviam se formado pela chuva recente, passei pelas três quadras que ainda faltavam. Dezenas de estudantes com roupas que seriam tão feias quanto as minhas se não estivessem em melhor estado caminhavam em direção ao mesmo lugar. 
                Escola Estadual Gilberto Mesquita de Arantes. O último lugar no mundo onde eu gostaria de estar naquele dia. Mas, repeti para mim em meus pensamentos, faltava só um ano. Um ano para estar fora daquilo e me ver livre daqueles pirralhos – que na verdade eram, em sua maioria, da mesma idade que eu. 
                Adentrei os portões e imediatamente a diretora veio falar comigo, como se tivesse surgido do nada ou, talvez, me esperando.
                - Bom dia, Peter! Espero que tenha aproveitado bem as suas férias – disse ela com um sorriso forçadamente educado.
                - B-bom dia, Srª Oliveira – respondi ainda meio confuso.
                Abordar-me pela manhã, enquanto eu estava absorto em meus pensamentos, não era a coisa mais inteligente a se fazer. Não porque eu pudesse reagir com algum tipo de estupidez, mas pelo fato de que poderia não falar coisa com coisa. 
                - Bom, eu só queria chamar a atenção para um pequeno detalhe. Acho que todos nós estamos perfeitamente cientes dos eventos ocorridos no fim do ano passado, certo? 
                Aquilo era uma pergunta retórica, por isso apenas assenti com a cabeça.
                - E, igualmente, creio eu, todos desejamos que eles realmente não se repitam, correto?
                Repeti o movimento com a cabeça, sem emitir qualquer som.
                - Correto? – perguntou ela novamente, aumentando levemente o tom de sua voz e fazendo-se um pouco mais incisiva.
                - Sim, correto! – falei rapidamente, evitando que nossos olhares se encontrassem.
                Ela não era uma megera, como pode estar parecendo. Contudo, sempre prezou muito pelo nome do colégio e pela boa reputação e sei até onde poderia chegar para impedir que a instituição pudesse se tornar mal falada. Bom, ela sem dúvida havia falhado em sua missão há alguns meses, uma vez que todos os jornais do estado haviam noticiado o ocorrido – de forma ruim, claro, exceto por um deles. Era o tipo de matéria na qual qualquer jornalista gostaria de meter o nariz. A história que só tem graça se cada um contar sua própria versão dos fatos. Talvez ela não se importasse muito comigo, mas tive vontade de dizer que a escola sem dúvida tinha sofrido menos que eu. 
                - Então – falou ela com a mão direita repousando em meu ombro – acho que agora era melhor que você fosse para sua sala. Sei o quanto é apaixonado pelas aulas de História e creio que não vai querer perder um minuto sequer dela, certo?
                A expressão em seu rosto mudara completamente. Parecia agora uma mulher dócil e extremamente prestativa, pronta para oferecer qualquer serviço aos seus alunos.
                - Sim, sim. É melhor eu me apressar! 
                Esboçando um sorriso de canto saí andando. Realmente, ela era boa em todos os outros aspectos. Só dava bola demais para algo com o que eu não me importava: o que as pessoas pensavam. Só que às vezes eu achava que as pessoas sim se incomodavam com o que eu pensava, principalmente o grupinho que incluía Eduardo, Douglas, Tiago e Vinicius. E claro que, como de costume, eles tinham um líder, o pior e mais inteligente deles...err, corrigindo: menos burro. Leandro era o seu nome e isso não era algo que só eu soubesse. Esses cinco garotos, juntos, faziam o tipo “grupo manda-chuva de escolas mostradas em filmes americanos”. Aquilo nunca me intimidou, mas, sem dúvida alguma, me irritava demais.
                - E aí, leãozinho, andou se esquecendo que tem que pagar a tarifa da semana inteira adiantada no primeiro dia de aula? 
                Parei a poucos metros do primeiro lance de escadas que levava do pátio ao primeiro andar. Aquela voz. Só podia ser ele. Com o aviso nada amistoso da Srª Oliveira eu até tinha me esquecido daquela baboseira de “Taxa da Paz”.
                 É, meus caros, pode parecer ridículo, mas um jovem de dezoito anos realmente tinha poder naquela escola. O pai de Leandro era um jornalista muito influente, redator-chefe do jornal mais famoso do estado de São Paulo. Como sempre recebia suborno para esconder as calamidades que o governo fazia tornara-se um homem inescrupuloso. E seu filho não era nada diferente. A diretora fizera um acordo com ele de, em troca da retenção de todo conteúdo que pudesse prejudicar a escola, liberar o garoto de todo castigo que seu mau comportamento pudesse acarretar. Teoricamente, só não poderia atingir a integridade física de qualquer aluno dentro da escola. Contanto que não o fizesse, advertências e suspensões jamais seriam destinadas a ele, sob nenhuma circunstância. Seus comparsas, através de um pedido de seu pai, (algo mais parecido com uma ordem) também estavam debaixo da mesma proteção.
                - Nossa! É incrível como você já teve quase dois anos para pensar em algo melhor e ainda continua a me chamar por esse apelido ridículo – falei, girando meu corpo para o lado e encarando-o.
                Leandro não gostava de ser contrariado e isso poderia ser facilmente percebido pela forma como sua expressão se contorcia agora.
                - Então, - continuei – se você não se importa, eu tenho uma aula pra assistir agora. Não tenho tempo pra perder com você. E, respondendo à sua pergunta, não trouxe. Não me lembrei da porcaria do seu dinheiro.
                Eu não era idiota, embora não fosse medroso. Sabia que tinha que pagar a tal da taxa se quisesse continuar vivo. Como já expliquei, não adiantava fazer qualquer reclamação à diretoria ou mesmo expor o problema para a mídia, uma vez que seriam barrados em ambos. Contar a minha mãe o que acontecia também não era saída alguma. Acho que ela preferiria me ver apanhando sem que tivesse que responder ao Conselho Tutelar por isso.
                - Ah, Peter! – quando ele me chamava pelo nome é porque estava realmente bravo – É melhor você não mexer com fogo. As poucas vezes que tentamos lhe dar uma lição você se safou. Não sei como, mas conseguiu. Aqui dentro da escola você sabe que não podemos fazer nada. Mas fora, a história seria outra. O problema é que – e nesse momento a voz dele foi se abaixando, quase virando um sussurro – não sei o que acontece com você. Simplesmente não conseguimos fazer contigo o que fazemos com os outros.
                - E isso te assusta, não?! – falei eu, tentando não provocá-lo e ao mesmo tempo deixá-lo acuado.
                Ele parou por alguns segundos, fitando meus olhos com uma raiva que transbordava e podia ser sentida a quilômetros.
                - Não, isso não me assusta! – seu tom era forte, mas ainda assim sabia que estava mentindo – Mas eu não sou nenhum idiota pra me meter com você depois do que aconteceu ao Julio, Roberto e Kleber. Não sei o que você tem, mas já estaria morto se não fosse por isso.
                Seus punhos se fecharam e eu pude sentir a sua vontade de amaciar minha cara como uma massa de pizza. 
                - Bom, você é inteligente. Isso é algo que respeito. Quanto ao seu dinheiro, eu o trarei amanhã e espero que se contente com isso!
                E, ao falar isso, saí caminhando e subindo as escadas. Eu era o único naquela escola que tinha coragem de enfrentá-lo daquela forma. Não que alguns outros já não tivessem tentado, mas depois de fazê-lo tiveram que embarcar numa viagem com estadia de uma semana em algum hospital. De alguma forma estranha, aquilo nunca acontecera comigo. Lembrei-me dos três ex-capangas de Leandro que já haviam se arriscado a dar-me uma surra. Nenhum dos três estava vivo para se vangloriar de seu feito. Isso pode parecer cruel e, inclusive, devo admitir que me sinto muito mal com a situação. Mas não fora escolha minha. Eu simplesmente levava alguns socos no estômago e, por algum motivo desconhecido, eles paravam e saíam andando, ignorando qualquer som, o que incluía os urros do grupo para que retornassem. Andavam em direção ao horizonte e desapareciam, sendo encontrados mortos em algum lugar no outro dia. A última morte ocorrera no fim do ano passado e era justamente o evento sobre o qual a diretora me alertara logo na entrada.
                Alguns podem estar se perguntando “Ué, mas ele podia não pagar a taxa então. Afinal, todo mundo que ousasse tocá-lo não tinha um fim muito bom”. É, eu também já quis pensar assim. Mas prefiro não contar sempre com a sorte, coisa que eu nem sequer acredito. Não sei nem se posso chamar isso de sorte, porque três caras estavam mortos e eu sentia como se isso fosse minha culpa, mesmo que não tivesse feito absolutamente nada. Além de não me sentir à vontade com a idéia de ser espancado, não precisava do peso de mais um valentão morto na minha consciência. Três já eram mais que o bastante pra me deixar mal.
                Cheguei à porta da sala e entrei. Todos os alunos estavam conversando, provavelmente matando a saudade. A algazarra poderia facilmente ser confundida com um enterro se comparada ao que acontecia durante o período dos outros professores. Mas o senhor Roger não deixava barato. Ele sabia como fazer todos obedecerem e manter a sala em silêncio durante suas aulas. Só havia permitido aquele barulho até agora porque também era extremamente justo, afinal, ainda faltava, de acordo com o relógio da sala, um minuto para o início da aula. Eu o olhei e ele levantou os olhos de seu livro, retribuindo o meu olhar. Pensei ter visto um pequeno sorriso surgir entre seus lábios, mas achei que estava vendo coisas. Ele não sorria. Pelo menos eu nunca o tinha visto fazer isso.
                Sentei-me, como de costume, na carteira em frente a sua mesa e coloquei minha mochila no chão. A sala tinha o mesmo aspecto de sempre; a mesma porta velha marrom, a mesma cor branca (quase cinza de tão suja) nas paredes e as mesmas janelas. Bom, exceto pelo vidro que ano passado fora quebrado e agora, pelo visto, estava reposto. A lousa estava limpa, apenas com algumas marcas de giz e arranhões daquele tipo que todos sabem que ficarão lá eternamente. Era isso. Seria mais um ano igual aos outros dois. Perfeitamente comum e entediante.
                O ponteiro maior chegou ao seu lugar. Sete horas em ponto. O professor colocou um marcador de páginas em seu livro para saber onde parara leitura e o fechou. Levantou-se de sua mesa, inspirou profundamente e olhou para todos nós com um ar de esperança, mas também de tristeza. Eu sabia, de alguma forma, o que ele estava pensando e devia concordar que sentia o mesmo, embora não entendesse o porquê de compartilharmos aquele sentimento. Quero dizer, ele é um professor, deveria sentir isso naturalmente. Mas eu era apenas um aluno. Talvez aquilo não fosse uma sensação propriamente esperada de mim.
                Quando ele abriu a boca para falar a sala inteira calou-se. Mas eu realmente fiquei em dúvida se o fizeram porque notaram que ele ia falar, pois seus olhares e, inclusive, suas cabeças, estavam virados em direção à porta. Ele, percebendo o que acontecera, também mudou a direção de seu olhar. Eu fiz o mesmo.
                - Com licença, é aqui que é o... – ela abriu um papel e o olhou, parecendo ter certa dificuldade para entender a letra – terceiro D? 
                - Sim, senhora – respondeu o professor com serenidade – aqui mesmo. Você deve ser a aluna nova, certo?
                - Sim, sou eu. – ela falou com uma voz tímida.
                - Queira então, por gentileza, entrar e sentar-se naquela cadeira que está vazia.
                Ele apontou para a carteira ao meu lado. Ela passou pela porta, ainda com a cabeça meio baixa, e sentou-se no lugar que lhe fora indicado. Todos os olhares a seguiram. E não sei explicar se isso aconteceu pelo fato de ser simplesmente uma aluna nova ou pela sua aparência. Talvez por ambos. Ela não era o tipo de garota que se via todos os dias. Pra falar a verdade, não era parecida com qualquer menina que eu já tivesse visto em toda a minha vida. 
                Ao se sentar as pontas dos seus cabelos tocaram a superfície da mesa. Eram de um negro profundo e um liso impecável. Parecia que não havia um fio fora do lugar, inclusive os de sua franja, como se tivessem sido perfeitamente alinhados. Talvez isso pudesse ser explicado por sua etnia. Ela certamente era asiática, provavelmente japonesa. Suas roupas eram extremamente peculiares; vestia uma camiseta rosa desbotada listrada de preto com mangas desfiadas e coisas escritas pelas laterais, uma saia de cor preta com algumas correntes que quase atingia os seus joelhos, um calçado preto que parecia ter sido roubado de uma boneca gigante e meias-arrastão que subiam desde seus pés até sumirem dentro de sua saia. A maquiagem que usava era forte, ressaltando o negro de seus olhos em contraste com sua pele clara. Usava ainda uma tiara preta com bolinhas brancas que mantinha seu cabelo atrás das orelhas e mostrava suas orelhas adornadas com alargadores rosa-escuros.  É, ela era uma visão bem atípica. 
                - Senhorita Mizuki, creio que já lhe explicaram sobre o nosso regime escolar. – falou o senhor Roger. Ele decididamente não parecia se importar com o visual estranho da menina.
                Ela assentiu rapidamente com a cabeça, mantendo o olhar fixo nele.
                - Mas avalio que seja de grande importância explicar mais algumas coisas e relembrá-la de outras que possam ter sido esquecidas.
                Ele começou a falar sobre respeito aos colegas, aos professores, sobre o empenho que deveríamos ter nas matérias e todas aquelas coisas que compõem o que eu gostava de chamar de Caderno de Regras Para Evitar Conflitos Armados e Uma Guerra Mundial Entre Estudantes e Professores. Ou, se você preferir, pode falar apenas a abreviação: CRPECAUGMEEP.
                Eu, enquanto isso, não conseguia desviar minha atenção dela. Não sei se era por causa das roupas ou de todo o conjunto, mas ela me chamara à atenção. Não sei no que estava pensando. Nem sei dizer se estava pensando em algo e não apenas a observando com a mente vazia. Sei apenas que quando dei por mim o professor já havia iniciado o seu discurso retrospectivo e falava agora sobre o que aprenderíamos nesse ano. Ela olhava para mim com espanto e eu percebi então que deveria estar encarando-a com a expressão mais medonha possível ou até babando, o que seria uma péssima primeira impressão para se passar a alguém. Como se tivesse levado um susto, desviei meu olhar e abri minha mochila, colocando o meu caderno sobre a mesa e preparando minha caneta para iniciar as anotações. 
                O professor falava sobre o início da expansão marítima européia, e, naquele momento, focava-se na chegada de Cristóvão Colombo à América em 1492. Eu sempre prestei muita atenção a cada palavra que aquele homem dizia, mas naquele dia não conseguia fazê-lo. Só pensava na garota e lançava-lhe olhares furtivos para ver o que fazia. Não havia sentido atração por ela, ainda que não pudesse negar sua beleza. Era um sentimento esquisito. Não só o seu estilo havia me impressionado. Havia algo além e eu não sabia explicar o que era. Uma sensação de que precisava conhecê-la, embora talvez já a conhecesse mesmo sem saber disso.
                A aula se passou como se tivesse durado 50 segundos ao invés de minutos. Só lembrava-me de palavras como “chegou”, “não sabia”, “América”, “expedição”, o que, pra mim, não fazia um discurso compreensível. A garota, por outro lado, parecia ter feito todo o meu trabalho: olhava agora para duas páginas escritas frente e verso com uma caligrafia bonita, mas que demonstrava claramente a pressa de quem a escreveu. 
                As outras aulas se passaram tão rápido quanto a primeira e o dia na escola acabou rápido. Sim, tínhamos intervalo, mas não naquele dia, pois não teríamos as duas últimas aulas já que os nossos ilustres professores de Matemática e Química haviam faltado. Uma coisa: eu detesto Física. Sempre detestei e nada nesse mundo deve ser capaz de fazer com que eu me afeiçoe a essa matéria. As aulas sempre passaram se arrastando e eu detestava ver aquele monte de fórmulas que não me serviriam para absolutamente nada futuramente. Mas a dobradinha daquela segunda tinha sido uma exceção. Como eu disse, o dia realmente acabara rápido. Todos saíram da sala, exceto por Mizuki, que ficou para falar com o professor. O que quer que fosse, não pude ouvir por conta da barulheira dos outros alunos. Fui ao banheiro após retirar-me da sala, dei uma ajeitada no cabelo e desci as escadas.
                Bom, podia até não saber qual era o assunto que uma aluna nova iria querer tratar com um de nossos piores professores (o de Física, claro), mas certamente foi algo extremamente rápido, pois a vi caminhando à minha frente logo quando cheguei ao pátio e me dirigi aos portões de saída. Ouvi então, para meu desgosto, uma voz familiar vindo em minha direção. Bem, não exatamente em minha direção, mas na direção dela. Leandro, pelo visto, queria dar as boas-vindas à garota nova. 
                - E aí, Mikizukizi – falou ele em tom de deboche – O que te trás da sua terra de japorongas para esse belo lugar?
                Eu parei, embora nenhum dos garotos do grupo parecesse ter me notado. Mizuki estava de costas para mim, o que me impedia de ver sua expressão, apesar de poder jurar que sabia como ela reagiria.
                - Ah, é bom saber que o Japão é bem conhecido por aqui – respondeu ela de forma pacífica.
                - Não seja tola, garota. Não é porque você tem um cabelinho escorrido e usa essas roupas de revoltada que me assusta.
                 E nesse momento ele se aproximou dela, levantando o dedo para o seu rosto e continuando a falar.
                - Escute bem minhas palavras. Não gosto de gente igual a você! – o tom dele se tornara claramente mais agressivo e tive medo que ele pudesse fazer alguma coisa – A “Taxa da Paz” serve pra você também e é bom que esteja com ela amanhã na entrada, senão...
                - Senão o que? – ela cruzou os braços e se aproximou dele, ficando a poucos centímetros de seu rosto – Vai me bater e usar seu papaizinho para esconder que agrediu uma garota? Pois vá em frente. Você não é o único que tem contatos.
                A garota tímida que se mostrara logo no início da primeira aula havia sumido. Parecia realmente outra pessoa no corpo dela. De repente, como se as palavras tivessem chegado até mim em um tempo mais longo que o normal, eu pensei: como ela sabe do pai dele? Quer dizer, ela era nova aqui (provavelmente nova no país). Como tinha esse tipo de informação? Ela então sussurrou coisas que eu não consegui ouvir, mas, segundos depois, concluí que deveriam ser horripilantes, pois o grupo a deixara em paz e saíra correndo, todos com uma expressão de pavor. Devo admitir: aquilo me deixou com muito medo. E o pior de tudo veio depois.
                - Peter? O que foi? Por que está parado olhando para mim?
                Meu coração congelou naquele exato momento. Meu nome, como ela sabia meu nome? Não tínhamos mais chamada, pois os professores haviam decorado nossos nomes e sabiam quem éramos. Não tínhamos carômetro. Ela não havia falado com ninguém o dia todo, pois eu fiquei de olho durante as três aulas (sim, eu assumo que não consegui desviar meus pensamentos dela o dia inteiro). Então como? Será que, de alguma forma absurdamente incrível, ela tinha perguntando a alguém sem que eu tivesse visto ou então falara com o professor depois da aula apenas para isso? Mas se fora isso, por quê? Por que ela iria querer saber meu nome?
                - Peter? – ela repetiu, tentando encontrar meus olhos que pareciam estar perdidos.
                - O-o-oi! – finalmente a palavra saiu – Oi, Mizu...
                - Mizuki!
                - Isso mesmo! Mizuki! Oi!
                Eu estava realmente nervoso e achei que poderia estar tremendo mais que uma ovelha recém-tosqueada jogada no meio do Alasca. 
                - Aqueles caras são realmente uns idiotas. Não sei por que ainda existem pessoas assim!
                Ela falava com uma indignação que me admirava. Lembrava-me alguém...mas quem? Antes que eu pudesse chegar à conclusão vi-me forçado a responder algo.
                - Sim, sim. São realmente estúpidos.
                - Não precisa ficar nervoso. Não vou fazer com você o mesmo que fiz com eles.
                Ao dizer isso o sorriso dela se abriu de uma forma que pareceria extremamente maléfica se não fosse tão infantil e surpreendentemente inocente. Pensei em perguntar o que ela fizera a eles, mas tive medo da resposta e pouco tempo para colocar as palavras numa frase que fizesse sentido. Ela se aproximou mais de mim.
                - Sei que já sabe quem eu sou, mas isso não é o bastante – aquilo, não sabia por qual razão, soara ambíguo – Mizuki Takashi Kyouda, prazer!
                Estendeu então sua mão e a deixou ali parada, por alguns segundos, esperando uma reação minha. Meus pensamentos estavam a mil e a única coisa que consegui fazer foi apertar-lhe a mão e dizer:
                - Peter!
                - Peter...
                - Peter Leon Julius!
                - Prazer em conhecê-lo então, senhor Julius – disse ela com um sorriso no rosto enquanto nossas mãos permaneciam dadas.

                Eu então me lembrei com quem ela se parecia em sua indignação e ousadia: comigo.



(Atualmente as dificuldades têm me impedido de dar prosseguimento à obra, mas pretendo, sem dúvida, retomá-la brevemente e finalizá-la dentro de poucos anos. Tenho tentado trabalhar na língua e posso dizer que bons resultados estão se mostrando a mim. Espero um dia ver o esforço todo estampado em umas mil folhas na prateleira de minha casa, com capa e tudo. Não preciso de uma publicação que se torne um best-seller e permaneça nas primeiras colocações do The New York Times por meses a fio, apenas quero terminar aquilo que comecei.)


Algumas coisas velhas...

Agora postarei alguns textos velhos que estão no outro blog, o "Um mundo que gira sem sair do lugar..." somente para poder deixar aqui guardadas as coisas velhas que ainda me interessam. Quando essa sessão de memórias acabar, deixarei um breve comentário. Espero que vos agrade em algo essa minha decisão.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Primeira redação mais decente em japonês





Hoje tenho prova oral substitutiva de japonês e tinha que fazer uma redação pra falar lá na frente (claro que sem ler :p). Está aí abaixo o que saiu dessa minha tentativa, com a tradução logo em seguida. É meio esquisito escrever em japonês, diga-se de passagem...



私のしゅまつはとてもたのしかったです。土曜日、六時半ごろおきました。そして、日本語のしゅくだいをしました。しけんが十二時四十五分ありました、でもあまりべんきょうしませんでした。だから、学校へ九時に来ました。そしてにしけんをしました、ともだちとリベルダデのレストランへ食べに行きました。すこしたかくてひろかったばしょうです。フェルナンドさんは食べものを半分食べました。だから、私は~このレストランはたべものがとてもたかいです、だからぜんぶたべってください~といいました。でも、たべませんでした。そして、うちへちかてつでかえりました。六時にともだちとげきへ行きました。サンジョアキンはげきからすこしちかいです。だから、あるいて行きました。げきは九時ごろおわりました。ともだちは~明日、えいがを見ませんか~といいました。私は~はい、明日はいいです~といいました。
日曜日、十時ごろおきました。シャワーをあびました。そして、十一時半にともだちとショピングセンター会いました。comer,rezar,amarを見ました。すごくおもしろかったですよ。そして、 subwayに食べました。subwayはとてもゆめいなレストランですね。そして、うちへかえりました。私はすこしつかれました。でも、学校のしゅくだいをしました。六時ごろメルをかきました。私はともだちとけいたいで十時から十二時半まではなしました。一時ごろねました。


Tradução:
Meu fim de semana foi bem legal. No sábado, acordei mais ou menos às seis da manhã. Depois fui fazer as lições do japonês. Tinha prova às 12h45, mas não havia estudado. Por isso, vim para a escola às 9h. Depois de terminar a prova, fui com meus amigos a um restaurante na liberdade pra comer algo. O lugar era um pouco caro e grande. O Fernando não comeu a comida inteira, por isso eu disse "A comida desse restaurante é muito cara, trate de comer tudo!". Ainda assim, ele não comeu. Depois voltei para casa. Às 18h fui com minha amiga ao teatro. O teatro era próximo da estação São Joaquim, então fomos andando. O teatro acabou às 21h. Minha amiga disse "vamos ver um filma amanhã?". Eu disse "sim, amanhã está ótimo".
Então, domingo levantei às 10h. Tomei banho. Depois, às 11h30 a encontrei no shopping. Assistimos "Comer,Rezar, Amar". Foi muito bom! Depois comemos na subway. A subway é um restaurante muito famoso, né?! Depois voltei para casa. Estava um pouco cansado, mas fiz as lições da escola. Às 18h escrevi e-mails (leia-se "entrei no msn :p). Falei com meu amigo pelo celular das 22h às 24h30. Dormi mais ou menos à 1h. 


Bem besta, né?! Mas já temos um começo :p
Só queria compartilhar isso com vocês, porque, embora possam haver alguns erros, foi motivo de grande felicidade pra mim saber que já consigo falar pelo menos alguma coisinha em japonês xD

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Às vezes a saudade vem forte...


Geralmente os nossos dias passam tão rápido que mal conseguimos prestar atenção nas coisas que acontecem. Não notamos uma flor nova que desabrochou na árvore em frente à nossa casa, não admiramos a beleza do céu e nem sequer damos ouvidos ao canto dos pássaros. E muitas vezes vamos além disso, acabando por simplesmente não perceber a presença de alguém especial em nosso cotidiano. Ignoramos o fato de que as pessoas não duram para sempre, fingindo não estarmos cientes da brevidade de nossos dias. Essa noite sonhei com algo que me balançou um pouco nesse sentido, fazendo-me vir até aqui e escrever sobre saudade.
No sonho eu me despedia aos prantos de dois amigos meus que viajaram há uma semana para a Irlanda a fim de realizarem um intercâmbio cultural. Eram duas pessoas que estudaram comigo no ensino médio, estando presentes em quase todos os meus dias naquela escola, durante cerca de três anos. Bem, ano passado finalmente concluímos o curso e cada um seguiu seu rumo. O fato de não termos nos visto em aproximadamente oito meses não alterou em nada; aos nos encontrarmos dia 7 de agosto foi como se ainda compartilhássemos daquele sentimento juvenil e colegial que preencheu nossos corações por um bom tempo. Agora, no entanto, eles partiam para uma experiência nova, algo que os faria crescer em todos os sentidos, e só voltariam depois de um ano inteiro.
Se eu dissesse aqui que éramos melhores amigos estaria mentindo. Estávamos mais pra pessoas que se dão muito bem e gostam de passar algumas horas juntas, ainda que sejam muito poucas. Não tenho uma definição exata para o nosso relacionamento, mas uma coisa posso garantir: não havia notado até então o quanto me fariam falta. Nosso encontro ocorrera no sábado e, naquele dia, marcamos de nos despedirmos no aeroporto, na quarta-feira seguinte. Infelizmente não aconteceu dessa forma e os últimos momentos que teríamos para lembrar até o fim do primeiro semestre de 2011 seriam aqueles que acabáramos de passar juntos, correndo e rindo pelo Playcenter. 
O que sonhei parece ter refletido muito bem o que sinto agora. Queria poder ter tido aqueles últimos instantes com os dois, poder tê-los visto embarcar e abraçá-los momentos antes de sua viagem. Gostaria de ter-lhes dito muitas coisas, ter sentido o calor de sua companhia comigo por mais alguns minutos. Só mais algumas fotografias mentais de momentos felizes, dos rostos alegres. Apenas algumas gravações de suas vozes, guardadas dentro de mim, lá no fundo dos meus pensamentos. Ainda sentiria a falta deles, mas talvez não me arrependesse por não ter lutado para vê-los naquele último dia. E tudo isso se intensifica ainda mais, pois tenho sentindo muita falta do Fernando aqui comigo.
É quase impossível falar sobre isso e não ver meus olhos se enchendo de lágrimas. Lembro até hoje da nossa despedida. Foi como se tivessem arrancado um pedaço do meu coração e levado pra longe, como se eu simplesmente não tivesse poder de impedir que algo tão importante fosse tirado de mim. E é horrível escrever isso, vendo as gotas rolarem pelo meu rosto, e não poder fazer absolutamente nada pra ver aquele rosto na minha frente. Pra sentir o toque, ter o afago, o carinho que me acalentou durante duas semanas inteiras. Sei que o tempo passa rápido, porém é muito difícil evitar não sentir esse monstro se remexendo dentro de mim, comprimindo meu peito fortemente e trazendo essa sensação de desconforto agudo. E nem sempre eu consigo acalmá-lo.
Acho que hoje tudo que mais quero é saber que os tenho aqui comigo, sentir sua presença dentro de mim. Brevemente verei os três - o Fernando, pelo menos, daqui a três meses - e poderei sentir novamente a energia gostosa que me fazia tão bem quando estávamos juntos. Vejo esse texto apenas como um desabafo, uma forma de expressar aquilo que sinto exatamente agora. O que me conforta é saber que eles um dia voltarão, ao contrário de outras coisas e pessoas que já se foram e não há como ter de volta. Por isso penso que é bom abrirmos os olhos e agradecermos muito por tudo que temos, já que o mundo pode virar de cabeça para baixo a qualquer momento e nos deixar sem algo em que segurar. Afinal, às vezes a saudade vem muito forte e pode ser que em grande parte delas não tenhamos como saciá-la.

Thiago, Camila e Fernando, espero que vocês estejam logo aqui e que esse tempo passe rápido para nós quatro. Obrigado por tudo que, mesmo sem saber, significaram para mim. E ainda o fazem.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Não, não esqueci!

Se alguém visita o blog deve estar provavelmente achando que o abandonei ou mesmo esqueci de sua existência. Não, não esqueci! A verdade é que agora voltaram as aulas e eu ainda estou tendo que ajeitar meus horários, estando ainda um pouco desorganizado. Quero dizer, no entanto, que as postagens brevemente retornarão e eu voltarei a escrever sobre temas similares aos que tenho abordado até o momento. Aliás, preciso também de idéias e ultimamente admito não ter tido muitas, o que acaba me desanimando um bocado.
Mas enfim, só queria fazer esse comunicado, talvez a mim mesmo, para que não me esqueçam e continuem a olhar aqui em busca de algo novo. Obrigado!