quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pra ver e rever!


Fugindo um pouco dos temas das últimas postagens, hoje resolvi escrever sobre um filme que vi semana passada, na quarta-feira (19/01), lançado recentemente no Brasil com o título de "Além da Vida". Tendo direção de Clint Eastwood e contando com Matt Damon no elenco a trama não promete grandes coisas se julgada por seu trailer, mas certamente impressiona de uma forma inovadora. O roteiro não pareceu sequer beirar a simplicidade, posto que as cenas foram muito bem construídas e a individualidade dos personagens explorada da melhor maneira possível. Esses dois elementos juntos nos permitiam submergir no universo das emoções de pessoas com modos de vida tão distintos e personalidades oscilantes, levando-nos à percepção de que todos estavam em busca de algo, um pedaço de si mesmos perdido em algum lugar aparentemente inatingível; uns compreendiam essa procura e se guiavam por ela, enquanto outros simplesmente seguiam a correnteza de seus sentimentos frequentemente instáveis e acabavam, sem querer, encontrando respostas e questionamentos.
Não pretendo tornar esse texto um spoiler, portanto omitirei praticamente a história toda. Ainda assim, devo dizer que o longa superou absolutamente minhas expectativas. Quem já viu deve ter notado a proximidade de tudo aquilo com a vida real; em momento algum fica difícil fazer uma simples conexão com nosso universo, de nossos familiares, amigos e das pessoas que conhecemos em geral, fator de suma importância para criar uma empatia com os personagens. Muitos podem afirmar que um pecado cometido possa ser a constatação da inevitabilidade do destino através, principalmente, do desfecho, coisa que eu discordo plenamente. Aliás, mostrar como todos as nossas ações trazem consequências para o universo como um todo e mudam não somente a nossa vida mas também a de muitos outros seres humanos é um ponto chave no enredo para mim. Não se trata de destino, tampouco de sorte, apenas de escolhas, aquela velha coisa de "colhemos o que plantamos".
Estabelecendo isso como verdade, o filme ainda vai além e faz-nos refletir se possuimos ou não total controle sobre nossas vidas. Questiona se somos realmente os senhores de nossas ações, se estamos completamente conscientes, conduzindo-nos, consequentemente, a pensamentos mais profundos. Torna-se mais interessante ainda ver o jogo criado com a palava "Herefater", título original do filme. Pela tradução online do termo através do dicionário Michaelis, temos:

hereafter
here.aft.er
n futuro, vida futura. • adv depois, daqui por diante, futuramente.

Sendo assim, a história toma a liberdade - e isso, pra mim, é fantástico - de usar o nome em seu significado completo. De que forma? Muito simples! "Hereafter", como visto acima, pode significar tanto vida futura quanto daqui por diante ou depois. Quem está pensando que o tema "vida após a morte" é o centro do filme pode tirar o cavalinho da chuva. Isso, apesar de ter enorme importância, é apenas o plano de fundo de onde brota todo o resto. O "daqui por diante" é o nosso próximo momento, o dia seguinte, nossa próxima atitude até e, inclusive, depois do momento de nossa morte; essa sucessão é reforçada incenssantemente e sutilmente durante toda a trama. A passagem para "o outro lado" toma um caráter tão aceitável e normal, longe das centenas de preconceitos tão arraigados em nossa sociedade, que é colocada apenas como uma continuação. Sendo assim, o "daqui por diante", "depois", "futuramente" nunca termina. Temos o aqui, nossa vida nessa Terra, e temos o depois, o "here" e o "after". Ninguém some, ninguém evapora...só prosseguimos.
Todavia, não é pregada qualquer religião, seita ou coisa do tipo. Deus não entra na jogada, muito menos a fé. A única coisa que conta é a continuidade natural de nossa existência, independentemente de crenças pessoais. Como resultado disso temos um filme que pode ser assistido por todos e todas, capaz de ensinar e nos emocionar profundamente.
Àqueles e àquelas que estão pensando em ir a um cinema ver algo recomendo fortemente esse longa. Dúvido que se arrependerão. Quando tiverem visto tentem deixar um comentário dizendo se aprovam ou não a história. Eu quero revê-lo em breve, pois uma vez só não é suficiente pra captar toda a mensagem principal.

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