sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Conseguimos muita coisa, sem dúvida!

Embora a mídia praticamente não tenha noticiado a respeito, ontem milhares de pessoas se reuniram na Av. Paulista, às 17h, para protestar contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo. Eu, diga-se de passagem, estava no meio da manifestação. Tudo teve início quando o atual prefeito, Gilberto Kassab, anunciou o aumento de 30 centavos no custo da passagem, ainda em dezembro do ano passado, elevando-a de R$2,70 para R$3,00. A medida foi aplicada em 5 de janeiro desse ano e garantiu a São Paulo primeiro lugar no ranking das tarifas mais caras do Brasil! Como defendido, o aumento, de 11,11%, foi estipulado muito acima do nível da inflação, de 5,25%, e gerará um acréscimo de cerca de 5% no orçamento mensal das famílias de baixa renda. No caso daqueles que contam apenas com um salário mínimo (atuais R$ 510,00), o transporte público poderá comprometer até 25,9% dos ganhos mensais, tirando, assim, pouco mais de um quarto do dinheiro recebido.
Tendo ciência destes fatos, entre alguns outros, o Movimento Passe Livre (MPL) organizou uma passeata para o dia 13/01/11, à qual compareceram cerca de 700 pessoas. A ação foi reprimida, no entanto, pela Polícia Militar quando os manifestantes alcançaram a Secretaria da Educação do Estado e terminou com um saldo de cerca de 30 detidos, fora aqueles atingidos com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio. Diz-se, ainda, que houve casos de espancamento e perseguição a outros grupos que nem sequer estavam ligados ao protesto. Um vídeo (abaixo) mostrando parte da violência aplicada contra os estudantes foi colocado no youtube, exibindo claramente a desproporcionalidade entre a agressão policial e a possibilidade de resposta por parte dos participantes do evento.

 
Ainda assim, o medo imposto não foi forte o suficiente para desestabilizar o grupo e ontem a reunião se repetiu, aumentando mais de 3 vezes o número de manifestantes. A concentração teve lugar na Praça do Ciclista, próxima ao metrô Consolação, e percorreu, das 17h40 às 20h, a Avenida Paulista, bloqueando duas das quatro faixas no sentido Brigadeiro. Enquanto algumas reportagens estimam em torno de 2500 pessoas outras vão além e chegam a afirmar que mais de 4000 compareceram ao ato. Seja como for, o saldo foi excelente e mostrou que o paulistano não está exatamente disposto a pagar taxas altíssimas para se locomover em sua cidade, vendo o aumento como meio de exclusão num sistema que já não permite oportunidades iguais a todos. Além disso, vale ressaltar que na recente pesquisa da Rede Nossa São Paulo o transporte público obteve nota 4,2, numa escala que ia de 0 a 10. 
A insatisfação é grande e certamente acompanha o encarecimento do serviço, que desde 2005, já nas mãos do PSDB, subiu 50%, enquanto a inflação, no mesmo período, mostrou-se em 30%. Ontem conseguimos muita coisa, sem dúvida, mas dia 27/01 tem mais e esperamos uma adesão maior ainda, pois só assim é possível ganhar a batalha. Para quem quiser mais informações, vai o link da comunidade do orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=104101. Se não tiverem acesso à rede de comunicação, perguntem-me o que desejam saber e eu buscarei responder da melhor maneira possível! Posto algumas fotos aí embaixo pra vocês terem uma idéia de como foi tudo.

Vista da frente da manifestação (Foto: Vinicius Medeiros)

Vista da parte de trás da manifestação (Foto: Vinicius Medeiros)

Momento em que sentamos na Av., queimando a bandeira do estado de São Paulo logo em seguida (Foto: Vinicius Medeiros)

Ps: perdão por não postar mais informações referentes ao andamento do protesto em si, mas estou com pouco tempo e preferi postar pouco a não postar nada.

2 comentários:

  1. Isso é um pequeno reflexo de algo que não está tão distante. O Governo pensa que o povo está quieto, aceitando a tudo que eles impõem, mesmo com os problemas sociais evidentes... Porém, mais cedo ou mais tarde, isso gerará uma revolução em massa, a ponto de se tornar uma Guerra Civil, sem sombra de dúvidas!

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  2. Queria tanto acreditar que ainda pode acontecer uma revolução em massa no Brasil...

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