terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Depois do nervoso, um pouco mais de desespero.


Bem, acho que as pessoas mais próximas a mim - ou mesmo aquelas um bocado distantes - sabem que os três últimos dias foram bem tensos; para mais 35.764 pessoas, aliás, o nervosismo deve ter sido equiparável. E tudo por quê? Por causa da bendita da Fuvest, é claro! Esse vestibular para o qual nos preparamos durante meses e que definirá se faremos ou não o curso tão desejado numa faculdade de renome. Discussões acerca da qualidade à parte, temos a realidade: o vestibular da USP é o mais concorrido do país. Isso já basta pra causar um leve frio na barriga ao sabermos da nossa necessidade futura de enfrentá-lo, embora cada curso tenha suas particularidades no que tange o ingresso na universidade; prestar Medicina é totalmente diferente de candidatar-se a uma vaga em Letras. Eu, por sorte - e logicamente por afinidade -, escolhi a segunda dessas duas, não necessitando, portanto, preparar-me durante um ano ou mais e deixar algumas centenas de reais num cursinho. 
Mas a coisa não foi tão fácil quanto eu esperava. Após passar pela primeira fase, numa prova realizada em 28 de novembro do ano passado, veio a parte mais difícil, chamada segunda fase. Três dias de provas, cada uma com duração de quatro horas, e sem uma alternativa sequer. Todas as questões inteiramente dissertativas! Domingo foi o primeiro dia. Lembro de ter me sentido calmo, relaxado - ainda que quase tivesse sido assaltado uns quinze minutos antes - e não haver encontrado grandes dificuldades, fosse resolvendo as 10 questões de Língua Portuguesa ou escrevendo a redação sobre "altruísmo e pensamento a longo prazo na sociedade atual". Ainda assim, o mar de rosas não durou mais que 24 horas. Ao me deparar com as questões de Matemática, Física, Química e Biologia, já no dia seguinte, simplesmente entrei em desespero. Não sabia absolutamente NADA! Algum de vocês já olhou pra uma prova e disse pra si mesmo "fodeu"? Pois bem, repeti isso em voz baixa umas trinta vezes, mas ainda assim nada mudou; a prova continuou tão impossível quanto estava no começo e eu saí com um saldo de 7 questões respondidas...de 20!
Só queria chorar e me descabelar, lembrando incessantemente o quanto eu era um asno e achando que não seria nada na vida. Típico drama adolescente (e olha que em termos legais já sou adulto). Sobrevivi sem grandes cicatrizes, logicamente. Não morreria por causa de um vestibular; além disso, ainda havia o terceiro dia para recuperar tudo que eu perdera no anterior. E assim foi hoje. As 12 questões de História e Geografia podiam até não serem tão fáceis quanto eu gostaria, mas me permitiram respostas adequadas. Saber que resolvi todas elas me deu um grande alívio, pois a pequena esperança de conquistar minha vaga na USP renasceu.
Voltei pra casa feliz e saltitante, quase me sentindo estrela de filme hollywoodiano naqueles dias em que o céu parece mais azul, as plantas mais verdes, as pessoas mais bonitas e gentis e o mundo torna-se um lugar aconchegante e prazeroso para se viver. Ainda assim, parte da beleza esvaiu-se agora pouco. A tranquilidade absoluta resolveu ir junto, fechando a porta na minha cara e não me dando qualquer previsão de volta. Pensar que eu poderia entrar numa faculdade e saber que todo meu esforço só ocorrera por eu ter decidido a minha carreira futura trouxe-me um bocado de desespero. Comecei a dar os primeiros passos na construção daquilo que um dia hei de me tornar. E como saber se é o caminho certo? Aliás, como saber se, tomando ou não esse caminho, as coisas darão certo? Eu não faço idéia e se alguém souber, por favor, deixe um comentário com a resposta, mande uma mensagem ou escreva um livro a respeito. Ficaria profundamente agradecido.
Agora eu simplesmente empacoto meu nervosismo, deixo-o guardado em algum canto bem escondido e espero até os resultados das provas estiverem prestes a sair para colocá-lo em liberdade novamente. Até lá, sairei um pouco pra ver se encontro a tranquilidade em alguma esquina por aí. Quem sabe ela estava precisando de um tempo longe de mim, não é mesmo?!

2 comentários:

  1. Quem vê pensa que é um martírio a USP...

    [...]


    E você não está errado...!



    ;)

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  2. Infelizmente estou certo. Queria que fosse mais fácil o acesso a um ensino de qualidade nesse país. Mas qual o problema? Só porque existem outros países muito mais à frente nesse quesito, como a Dinamarca, por exemplo, que oferece faculdade boa de graça para qualquer cidadão europeu. Sem vestibular, sem nada...

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